1.4.07

Regulação do VOIP nos EUA

Convergência Digital | Ana Paula Lobo

Nos Estados Unidos, o órgão regulador do setor de telecomunicações decidiu por um ponto final numa disputa que se arrastava há algum tempo: as concessionárias, informa a FCC, são obrigadas, sim, a interconectar suas infra-estruturas com a de outros provedores, em especial, às de VoIP, que sofrem uma "restrição" contínua desde o início das suas operações. Só que lá, é bom lembrar, houve uma união.

Será que aqui não é o momento de as provedoras interessadas no negócio pensar também numa associação? A decisão da FCC pode muito bem ser replicada no cenário brasileiro. A questão chegou à agência em função da reclamação efetivada pela operadora de TV a cabo, Time Warner, que não conseguia fechar acordos de interconexão com as pequenas operadoras atuantes nas áreas rurais. É isso mesmo: a briga ficou fora dos grandes centros e se localizou nas áreas rurais. Esse filme não pode ser conhecido por nós?

A ação da Time Warner teve o apoio decisivo da VON Coalition, entidade que reúne a indústria ligada ao mundo VoIP nos Estados Unidos. O diretor-executivo da Von Coalition, Jim Kohlenberger, deixou claro que os problemas enfrentados pela Time Warner em Estados como o da Carolina do Sul e no Nebraska não são isolados.

"Há esse problema em todo o país. Com a decisão da FCC, poderemos, agora, pensar em realmente criar ofertas alternativas para qualquer camada da sociedade", destacou o porta-voz da entidade ligada à indústria de VoIP.

É um tema para se pensar. Aqui no Brasil, VoIP cresceu, apareceu, mas ficou, como todos dizem, aquém da expectativa. Até porque como nos Estados Unidos há, sim, uma forte resistência dos players dominantes.

Em entrevista à imprensa, o diretor de Finanças da Oi, Jose Luis Salazar, como matéria do canal VoIP destaca, deixou evidente que para a operadora, o serviço Oi VoIP é muito mais uma "estratégia de defesa do que de ataque". Na prática, ele sinalizou que a operadora investe na área, quando se sente ameaçada por um provedor que possa vir a "roubar" o tráfego de voz.

Enfim, se há problemas no Brasil será que não é mais do que a hora de o mercado interessado em explorar VoIP mostrar a sua cara? Há tantos modelos de negócios replicados no país em função do sucesso nos Estados Unidos, não seria, então, ideal também montar uma entidade para defender os interesses de fornecedores e operadoras de VoIP?

Lá nos EUA, também há um grande debate sobre a classificação de VoIP na área de telecomunicações. Aliás, discussão que também acontece aqui, mas que é sempre relegada para um segundo plano, em função de outras prioridades mais importantes na área. Até quando será assim?


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