Cobrir 100% de Minas custaria R$ 380 milhões, diz Telemig

06/02/2006 - Letícia Cordeiro - TELETIME

Telemig Celular apresentou ao governo de Minas Gerais, em maio do ano passado, um projeto de R$ 380 milhões para cobrir as 479 localidades ainda sem telefonia celular no Estado em troca de incentivos fiscais. O projeto não havia saído do papel até a semana passada, de acordo com o presidente da operadora, Ricardo Grau, quando uma ligação de representantes do governo mineiro reabriu as discussões. "Eles disseram que não abrem mão dos impostos, mas que estão dispostos a achar uma outra solução para o projeto", comenta o executivo, com otimismo.

Ele revela que o projeto previa a instalação de uma estação radiobase (ERB) GSM/EDGE em cada uma das 479 localidades ainda sem o serviço em um período de dois anos e custaria cerca de R$ 380 milhões. "Escolhemos o EDGE porque a tecnologia consegue transmitir dados a uma velocidade de 256 kpbs e assim poderíamos oferecer conexão banda larga nessas localidades", explica. Grau detalha: "Para fazer uma torre, custa entre R$ 700 mil e R$ 800 mil, o que inclui gastos com infra-estrutura, transmissão, ampliação da capacidade das nossas centrais e plataformas. Somando o custo de manutenção mensal, que é variável, e descontando a receita que seria obtida com os serviços, ao fim dos dois anos ainda faltaria o retorno de R$ 200 milhões em investimentos que poderiam vir com redução de 50% no ICMS para a Telemig ou ainda isenção do imposto nessas cidades." Grau calcula que o plano de negócio para essas localidades teria um retorno de investimento em prazo até maior que cinco anos, o que inviabiliza o projeto sem o incentivo do governo.

Ele reconhece que talvez estender a cobertura para todas as cidades seja desnecessário, levando em conta que elas têm outras prioridades. "Mas podemos expandir o serviço para um número menor de cidades, em que o retorno não seja tão longo para a operadora e com menos renúncia fiscal do governo", avalia. Embora apenas 53% dos municípios do País estejam cobertos pelo serviço móvel, eles representam 95,79% do Índice Potencial de Consumo (IPC), segundo dados do Atlas Brasileiro de Telecomunicações 2006, da revista TELETIME, e a expansão da cobertura para os outros 47% das cidades pode não se traduzir em um plano de negócios viável.

Entre os benefícios da ampliação da cobertura da telefonia celular para a totalidade dos municípios mineiros, na opinião do executivo da Telemig, está a criação de mais de mil novos empregos diretos e indiretos com pessoal para a instalação da infra-estrutura, lojas e assistência técnica; aumentaria a arrecadação de ICMS e também transformaria as lojas da operadora em posto bancário. "O difícil é convencer o governo que ele tem que perder um pouco no curto prazo em favor de um projeto de longo prazo", comenta Grau. A Telemig cobre 342 municípios mineiros que totalizam 15 milhões de habitantes, o equivalente a 9,1% do IPC brasileiro.