28.7.06

Analistas: Telecom Italia montou uma "estratégia" para fechar questão em relação à Brasil Telecom

Para os especialistas de mercado, a decisão da Telecom Italia, anunciada nesta terça-feira, 25/07, pelo presidente da operadora,Marco Tronchetti Provera, de contratar o JP Morgan para vender a sua parte no controle acionário da Brasil Telecom, pode ser uma "cartada decisiva" para forçar um acordo entre os acionistas.

A venda seria a saída para o impasse entre as operadoras e a solução para a superposição de licenças na telefonia móvel. O prazo para a questão da superposição de licenças termina em outubro, conforme cronograma da Anatel.

"Em todas as etapas da negociação entre os sócios, a Telecom Italia sempre despontou como compradora. Até porque por diversas vezes, a operadora ressaltou o interesse dela de investir no país. A convergência fixa/móvel é estratégica para quem quer ser um player nos novos tempos", observa Hélio Ferreira Moraes, especializado em questões regulatórias e sócio do escritório Pinhão & Koifmann Advogados.

"Para mim, me parece que a operadora está, na verdade, criando uma nova estratégia de negóciação com os demais acionistas. É mais um passo no processo, que tem pouco mais de três meses para ser resolvido", completa o advogado.

Eduardo Tude, analista do portal Teleco (www.teleco.com.br), acredita que a decisão da Telecom Italia pode ser classificada como coerente, uma vez que a operadora possui um endividadamento alto e, na visão do especialista, partir para a aquisição de uma operadora de telefonia fixa no Brasil não parece ser, numa primeira análise, um negócio muito atrativo.

"É mais coerente a opção de investir no celular, onde a TIM está muito bem posicionada", diz o analista do Teleco. No entanto, Tude também diz que há um ceticismo no mercado. "Não sabemos se é uma decisão definitiva ou apenas mais um lance na negociação", salienta.

Para Hélio Ferreira Mendes, do escritório Pinhão & Associados, do ponto de vista jurídico, a transação envolvendo a venda das ações da Telecom Italia deverá levar mais do que os três meses necessários para a saída em relação à superposição de licenças na telefonia móvel.

"Tradicionalmente, negociações deste porte e onde há um certo grau de litígio entre as partes, como é o caso da Brasil Telecom, levam pelo menos seis meses para se chegar a um consenso. O JP Morgan pode até já ter começado a negociação, mas entre os acionistas restantes (Citibank e Fundos de Pensão) não há nenhum com o perfil de operadora", completa o advogado.

A Telecom Italia possui 19% do controle acionário da Brasil Telecom. Atualmente, desde que o Opportunity foi afastado da gestão no ano passado, a operadora é administrada, de forma compartilhada, pelo Citibank e pelos fundos de pensão.

A nova gestão, que assumiu no final do ano passado, adotou uma política austera. Em fevereiro, por exemplo, anunciou a demissão de pelo menos 700 funcionários. A meta era economizar cerca de R$ 70 milhões. Também iniciou uma renegociação de contratos com os fornecedores. De acordo com os executivos da atual gestão, a diretoria anterior, comandada pelo Grupo Opportunity, teria negociado os contratos que ficaram com um custo de R$ 2 bilhões.

Em coletiva de imprensa realizada em dezembro do ano passado, o atual presidente da Brasil Telecom, Ricardo K., informava que, em 2005, houve um investimento de R$ 500 milhões na BRT GSM, operadora celular, e o"break even" da operação móvel aconteceria no primeiro trimestre de 2007.

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