14.6.07

Gestores de TI mostram cautela com adoção 'rápida' da mobilidade

Convergência Digital

O tema do CIAB 2007 é "Mobilidade – seu banco sempre com você". Não à toa, tantos fornecedores e desenvolvedores de soluções aproveitam o evento para mostrar suas soluções e o potencial do uso dos dispositivos móveis, em especial, o celular - que hoje no Brasil possui mais de 100 milhões de linhas ativadas - como substitutos naturais dos meios de pagamentos eletrônicos tradicionais.

Não apenas os fornecedores de soluções apostam suas fichas no celular como um meio de pagamento. As próprias operadoras também estão investindo na área. Tanto é assim que concessionárias como a Oi,a TIM e a CTBC aproveitam o evento para mostrar seus novos serviços ligados ao mobile banking e mobile payment.

Só que o tema ainda precisa de mais respaldo junto aos gestores de tecnologia. Durante a realização do painel "Visão Estratégica de Lideranças de TI", CIOs de várias instituições financeiras do país salientaram que a mobilidade não é prioridade.

Segurança e padrões ainda estão no topo da lista de investimentos. Muitos, inclusive, consideram a tecnologia como muito nova e incipiente. "A mobilidade ainda é muito nova e insipiente. Será a próxima geração que irá usá-la", disse Gustavo Roxo, do ABN Amro.

"A mobilidade hoje está muito mais voltada para a conveniência do que para a bancarização em si", sentenciou Alberto Guerrero, do Santander. Os executivos concordaram que,agora, é o momento de realizar testes para entender este novo veículo - o celular como meio de pagamento - e analisar as suas reais possibilidades de integração à máquina bancária.

Em foco: segurança e padronização

Para os gestores de TI, questões como segurança e padronização ainda estão no topo da lista de prioridades de investimentos, até para tornar a operação bancária mais ágil e produtiva. Para Gustavo Roxo, do Banco Real, a questão toda é equilibrar procedimentos de segurança com usabilidade.

"O cliente precisa perceber que está seguro e também conseguir realizar suas operações sem complicações. A segurança não pode inviabilizar a realização de negócios", comentou. Ainda segundo o executivo, os procedimentos e tecnologias ligados à segurança são coisas que devem ser compartilhadas entre a comunidade das instituições financeiras. "A segurança beneficia a sociedade como um todo, por isso compartilhar é interessante para a comunidade", salientou.

Para Júlio Almeida Gomes, do Unibanco, também é preciso estender os mesmos altos níveis de segurança para todos os meios de interação cliente/banco, uma vez que as ameaças migram de meios: "quando protegemos a Internet, as fraudes vão para os ATMs. Quando reforçamos a segurança nos caixas eletrônicos, elas vão para outro meio".

Para exemplificar isso, o especialista afirmou que, em função dos altos investimentos em segurança nos bancos online, as fraudes caíram muito nesse meio. "Agora há outros pontos de interação sendo mais atacados, mas não posso citá-los por questões de segurança", afirmou.

Em relação à padronização, todos os CIOs presentes foram unânimes em afirmar que trata-se de uma evolução necessária, mas nenhum deles deu motivos práticos para isso estar demorando a acontecer.

Glória Guimarães, do Banco do Brasil, vê esperanças em relação à certificação digital. Segundo ela, trata-se de um bom ponto de princípio para a padronização de sistemas. Além disso, a executiva cita a biometria, que também poderia ser uniformizada. "Hoje um banco usa as mãos, outro os dedos, outro a retina. Acho que a escolha de apenas um deles traz vantagens para todos, como um ganho de escala em relação à tecnologia", exemplificou.

CIAB em destaque

O diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Febraban, Carlos Eduardo Corrêa da Fonseca, mais conhecido como Karman, detalhou durante a abertura do evento aqueles que serão os assuntos tratados durante a 17ª edição do evento. “A determinação dos temas deste ano foi precedida por seminários e road shows em nove capitais latino-americanas, realizados durante os últimos nove meses”, conta o diretor.

Segundo ele, os painéis e debates girarão em torno de cinco temas básicos: mobilidade, segurança na web, digitalização de documentos, certificação digital e meios de pagamentos. Estes teriam sido os assuntos identificados como de maior interesse dos cerca de 1,6 mil visitantes e congressistas esperados durante os três dias do Ciab 2007.

Outra novidade do evento este ano fica por conta do Espaço Inovação. Trata-se de uma iniciativa da Febraban, em parceria com o Instituto de Tecnologia de Software (ITS), para incentivar “start-ups” e empresas incubadas. “Selecionamos 24 entre cem empresas que inscreveram seus projetos”, explica Karman. Na sexta-feira (15), último dia do evento, três desses trabalhos, selecionados por especialistas de TI do setor financeiro, serão apresentados em um painel específico no Ciab.

Também durante a abertura do Ciab 2007, realizada nesta quarta-feira,13/06, Antonio Francisco de Lima Neto, presidente do Banco do Brasil, falou do papel da tecnologia no desenvolvimento da instituição financeira. Ele falou sobre como o Banco do Brasil iniciou suas atividades online, há 25 anos, como perdeu espaço para a concorrência ao deixar passar o bonde da unificação do atendimento e, depois, como se recuperou com novos e pesados investimentos em tecnologia.

“Hoje, todos no banco sabem muito bem que foi o investimento em TI que nos permitiu saltar de seis milhões para quase 25 milhões de clientes em apenas 12 anos”, afirmou o executivo. Em 2008, de acordo com Lima Neto, o Banco do Brasil comemora seus 200 anos de existência.

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