20.12.05

Claro e Telemig prometem longa batalha


VALOR ECONÔMICO - 20/12/2005
A disputa entre Telemig Celular e a Claro, em Minas Gerais, ainda vai longe se depender da disposição das operadoras. O presidente da Telemig, Ricardo Grau, avisou ontem que vai "lutar até o fim" para impedir a operação da Claro enquanto entender que há participação cruzada. A direção da Claro, por sua vez, informou que vai à Justiça para fazer valer seu direito de operar no Estado e também para cobrar os prejuízos causados pela ação da concorrente, que é líder no mercado mineiro. Pela segunda vez desde que chegou ao Estado, no início de novembro, a Claro está impedida de vender aparelhos e teve sua rede de telefonia desligada. Uma nova liminar a favor da Telemig foi concedida pela juíza Candice Lavocat Galvão Jobim, da 7ª Vara Federal de Brasília, na sexta-feira à noite.
A juíza determinou o fechamento das lojas e a interrupção do serviço de telefonia no domingo."Lamentamos que a Telemig Celular, orientada pelo grupo Opportunity, seu atual controlador, esteja insistentemente tomando atitudes para impedir a livre concorrência no Estado", declarou ontem a direção da Claro, em nota distribuída à imprensa.
Quando foi impedida de atuar pela primeira vez, na segunda quinzena de novembro, a operadora tinha 770 clientes em Minas. Em apenas cinco dias de operação, na semana passada, atingiu o número de 10 mil clientes. Consumidores que compraram aparelhos no sábado, atraídos por promoções agressivas da Claro, como oferta de pós-pago por R$ 1, e não conseguiram utilizar o celular no dia seguinte.Segundo o presidente da Telemig Celular, a nova investida da operadora na Justiça é no sentido de manter a liminar que proíbe a Claro de atuar em Minas Gerais até o julgamento do mérito da ação.
Ricardo Grau diz que a questão da participação cruzada entre as duas operadoras não está resolvida e acusa a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) de falta de imparcialidade ao liberar a atividade da Claro, a despeito da legislação. "Não temos medo de concorrência, já temos duas (TIM e Oi) e continuamos líderes", afirmou Grau. "Mas queremos que a concorrência ocorra de igual para igual."O argumento da Telemig é de que a Telos participa de seu bloco acionário e, ao mesmo tempo, é patrocinada pela Embratel, que pertence ao mesmo grupo acionário da Claro, do mexicano Carlos Slim. Para contornar o problema, a Telos resolveu abrir mão dos direitos de voto e gestão de suas ações na Telemig, transferindo-os para a administradora de recursos Angra Partners. Para a Telemig, no entanto, a medida não é satisfatória."Não posso apresentar meu plano de negócios para 2006 diante de um conselheiro que também senta na mesa do meu concorrente", argumentou Grau. "É muito fácil para Claro sentar no meu conselho e ver com é que eu sou líder, como é que ganho direito."De acordo com Grau, a operadora não acredita que os consumidores vão "comprar" o discurso da Claro de que a Telemig está tentando apenas impedir a concorrência. "O que queremos impedir é a concorrência desleal.
"Diretores da Claro estiveram reunidos ontem para decidir os melhores caminhos em relação à batalha judicial e ao atendimento aos consumidores. "A Claro assegura que, em breve, Minas Gerais poderá contar com a qualidade dos seus serviços a preços competitivos", informou a nota distribuída pela empresa.
Na primeira vez em que teve as operações suspensas, a Claro se colocou à disposição dos clientes que quisessem devolver o aparelho e ter o dinheiro de volta. Dessa vez, no entanto, não há nenhuma informação neste sentido.A orientação é para que os clientes recorram ao serviço 0800 de atendimento. Até o fim da tarde de ontem, no entanto, não havia uma decisão sobre a política que será adotada em relação aos clientes que estão sendo lesados.Para a operação em Minas Gerais, a Claro investiu R$ 400 milhões em instalação de rede e promoção. "Se quiser operar em Minas, basta que (a Claro) saia do controle de alguma das empresas", declarou ontem o presidente da Telemig.

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