15.2.06

Produção que cabe no bolso: Primeiro longa-metragem feito pelo celular estimula o cinema em um formato simples e econômico

Alessandra Carneiro e Mylène Neno
Um celular na mão e uma idéia na cabeça. Ou melhor, oito celulares Sony Ericsson W900i na mão. Foi assim que o sul-africano Aryan Kaganof fez SMS Sugar Man, o primeiro longa-metragem gravado com celulares e em apenas 11 dias. Resultado: a produção da história de um cafetão e duas prostitutas pelas ruas de Johanesburgo custou uma pechincha. O orçamento de US$ 164 mil – nada comparado às produções hollywoodianas de milhões – foi destinado, em grande parte, ao pagamento da equipe e à transferência do filme para o formato 35 milímetros, necessário para a exibição nos cinemas.O filme estréia em maio na África do Sul, mas também será transmitido aos celulares, em três episódios de 30 minutos. Mais em www.kaganof.com.
Em outros locais, os filmes por celular já começam a se tornar uma tendência. Portugal sediou mês passado o festival de curtas Olhares, em que todos os filmes exibidos foram feitos por celulares. Por aqui, ainda não temos um festival totalmente dedicado ao segmento, mas eventos como o Festival do Minuto e o Curta o Minuto mostram que estamos no caminho.
Atraídos pela facilidade e baixo custo, alguns cineastas já se arriscam pelo novo formato. É o caso de Luciano Dias, que está preparando um trabalho para o Festival Internacional de Arte e Criatividade Móvel. “Quero fazer algo na linha o ‘Olhar do celular’. Contar uma pequena história sob a perspectiva do aparelho. Talvez uma breve história de amor ou um drama banal do cotidiano de quem mora sozinho”, explica. Por enquanto, vai treinando com seu Siemens CX65. “Gosto de fazer flashs do cotidiano. O bom do celular é que ninguém percebe que você está filmando”, diz. O problema é que o direito de imagem pode fazer o olhar indiscreto custar caro.

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