25.7.06

Telefonia móvel ganha um novo cenário com a Vivo GSM, afirmam especialistas

Convergência Digital | Ana Paula Lobo

Ao oficializar a ida para a tecnologia GSM, a Vivo surpreendeu os especialistas e provocou uma série de análises para o futuro do setor de telefonia móvel no Brasil. O analista da consultoria Frost & Sullivan, Alex Zago, por exemplo, diz que a Vivo, ao formalizar o investimento de R$ 1,08 bi na ativação da rede GSM, revela a sua intenção de permanecer, a todo custo, sendo a número 1 do mercado brasileiro.

"Num longo prazo, a estratégia poderá trazer algum benefício. Mas no curto e médio, a decisão não é favorável. Será feito um grande aporte de recursos na nova infra-estrutura", destacou o analista em entrevista ao Convergência Digital.

Zago vai ainda mais longe: "Será difícil comprovar, num médio prazo, o retorno do investimento que será feito no GSM para os acionistas", relata. Segundo ele, a Vivo adotou a política de manter, a base de todos os esforços, a liderança do ranking da telefonia celular no país.

"A verdade é que a tecnologia CDMA já se mostrou mais eficiente, mas definitivamente não é uma tecnologia de massa como o é o GSM. O subsídio dos terminais CDMA é muito alto", admite Zago.

Só que na visão do consultor da Frost & Sullivan, a Vivo não precisaria se esforçar para se tornar uma operadora de massa. "Não enxergo grandes benefícios para a Vivo de ser uma operadora de massa. Ela poderia se concentrar em nichos que tragam maior rentabilidade, ou seja, um ARPU maior, mesmo que perdesse a liderança do ranking", completa Zago.

Em seu blog, o diretor para a América Latina do Yankee, Luis Minoru, aponta que, agora, a Telemig Celular pode voltar a ser prioritária para os planos futuros da Vivo. Isso porque a Vivo tem grande interesse de agilizar sua entrada no Estado de Minas Gerais. Segundo o analista, a operadora volta a ser uma grande candidata à aquisição da empresa, caso o processo de venda aconteça num ritmo mais acelerado.

Vale observar que o Estado de Minas Gerais está fora do atual orçamento de R$ 1,08 bi destinados à rede GSM, assim como, os Estados do Nordeste. Na teleconferência realizada com analistas nesta sexta-feira, 21/07, a Vivo deixou claro que planeja comprar uma licença em 1,9GHz para obter a cobertura nas regiões onde não atua. O leilão, ainda de acordo com previsão da operadora, deverá ocorrer em novembro.

O senão para os planos da Vivo, salienta Minoru, é o fato de o ex-presidente da Telemig Celular, João Cox, ter ido para a Claro. Fontes do mercado acreditam que a ida do executivo para a operadora do grupo América Móvil está ligada à venda da tela mineira à Claro, que tem tido problemas com a sua operação no Estado.

Já para Eduardo Tude, do portal Teleco (www.teleco.com.br), a Vivo sinaliza que escolheu um caminho para o futuro, e ele pasta pelo WCDMA, a Terceira Geração das redes GSM. Segundo o analista, no curto e médio prazo, a operadora deverá incentivar os clientes migrarem para a rede GSM, especialmente os clientes que ainda estão na rede TDMA (cerca de seis milhões). E depois, migrá-los para a Terceira Geração, o WCDMA.

Para Tude, a Vivo, enquanto prepara todo o processo de migração, deverá manter as três plataformas - GSM, CDMA e TDMA - operando, mas a captação de novos clientes deverá ocorrer apenas na rede GSM.

O analista do Teleco, comenta ainda que os investimentos em CDMA deverão diminuir, mas não prevê o fim dos projetos ligados à tecnologia. Segundo ele, a Vivo fará um esforço para que os novos serviços estejam disponíveis nas duas plataformas - GSM e CDMA.

Nenhum comentário: