27.3.07

Anatel freia movimento pró "3G já"

Convergência Digital

A Anatel, apesar de admitir, através do conselheiro José Leite Pereira Filho, que o Brasil precisa realizar o quanto antes o leilão das freqüências de Terceira Geração, pôs um freio nos ânimos dos empresários da indústria de telecomunicações que defendem um movimento pró- "3G já", como forma de preservar os investimentos da indústria instalada no país - seja à ligada ao fornecimento de infra-estrutura, seja àquela voltada para a manufatura de terminais.

Em evento realizado nesta terça-feira, 27/03, na capital paulista, sob o patrocínio da Momento Editorial, batizado de I Wireless Mundi, Leite deixou claro que não há como agilizar ainda mais os trâmites governamentais com relação à publicação do edital da venda das freqüencias de 3G.

"Se fizemos como planejamos, ou seja, o edital saindo em maio para uma consulta pública tradicional de 30 a 45 dias, já estaremos fazendo um grande esforço dentro da Agência", afirmou o conselheiro da Anatel.

Para ele, é impossível pensar num edital antes de maio. Leite também se mostrou descrente do sucesso da sugestão de se fazer uma consulta pública de 15 dias, prazo mínimo estipulado por lei.

"Pode ter certeza que haverá muita sugestão, muita opinião e muita discussão tão logo o edital seja publicado. O órgão regulador precisa fazer o seu trabalho. Até admito que o edital está atrasado, se pensarmos que o segundo edital relativo à 3,5GHz já saiu e está parado por uma briga judicial. E para 3G não há um edital preparado, mas não dá para pular etapas", completou o conselheiro da Anatel.

Pra ontem

No meio empresarial, depois de uma boa divergência entre fabricantes e operadoras ao longo do ano passado, agora, há uma unanimidade que o leilão das freqüências de 3G precisa acontecer o quanto antes, uma vez que só assim, as operadoras móveis poderão voltar a investir e a explorar novos serviços.

O setor, ligado à indústria móvel, também defende que a 3G é o caminho mais rápido para se ofertar um novo veículo de competição na venda de acessos banda larga no país, hoje, concentrados nas concessionárias de telefonia fixa e nas operadoras de TV por Assinatura. ASs novas rdes poderão ainda, segundo os empresários, o caminho ideal para se criar um plano nacional de universalização e de inclusão social e digital.

"A 3G é o caminho mais eficiente e barato para o Brasil ter banda larga de uma forma universal. Foi a competição que tornou o serviço móvel celular tão atraente e eficiente no país. Agora é preciso correr. Não vejo razão de postergar mais o edital. Já se discutiu muito sobre 3G", observou o presidente da Qualcomm do Brasil, Marco Aurélio Rodrigues.

O vice-presidente da Ericsson do Brasil, Carlos Duprat, voltou a enfatizar - não é a primeira vez que ele alerta para o risco da desindustrialição no país. "Quem conhece a história do setor sabe que quando houve a mudança de TDMA para GSM, a minha empresa mesmo foi obrigada a demitir,a rever seus processos e a voltar a contratar num período de dois anos. Enfim, a evolução tecnológica é um momento traumático. O que queremos, de fato, é tentar uma migração menos sangrenta", destacou.

O chairman do UMTS Forum para a América Latina, Mário Baumgarten, enfatizou que na balança comercial do setor eletroeletrônico, os aparelhos celulares são, atualmente, o ponto mais forte, de uma área que apresenta déficit constante. Os celulares representam cerca de US$2,6 bi na balança brasileira, mas os terminais produzidos aqui são de segunda geração, e portanto, já não encontram tanta demanda mundial.

"O mundo migrou para 3G. E o Brasil está ficando para trás no cenário produtivo. Os celulares fabricados aqui de segunda geração vão para onde? È hora de agilizar o processo para não perdermos mais uma opção industrial", observou o chairman da UMTS.

De acordo com dados apresentados pelo executivo, baseados em estudos de consultorias internacionais, mundialmente em 2009, deverão estar ativos 565,2 milhões de aparelhos celulares baseados na tecnologia de 3G/WCDMA, o CDMA 2000/EV-DO deverá contar com 165,17 milhões de assinantes e o os assinantes da tecnologia WiMAX móvel deverão ficar em 32,83 milhões.

O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal, Júlio Semeghini, do PSDB/SP, assegurou que há um trabalho para que o Governo agilize o processo e faça o quanto antes a venda das licenças de Terceira Geração, para fomentar a oferta de novos serviços ao consumidor brasileiro.

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