31.5.07

Portugal Telecom admite interesse pela Telemar

Folha de São Paulo

O presidente da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, afirmou ontem, em Brasília, que a compra da Telemar, a maior operadora fixa brasileira, é uma entre várias hipóteses de investimento da empresa.


"Se as conversas que já mantivemos em diversas ocasiões com os acionistas de referência da Telemar conduzirem no sentido de uma aproximação de posições, estamos disponíveis para um entendimento amigável sobre a Telemar que possa até envolver uma troca de participações para a construção de um pilar luso-brasileiro, em Portugal e no Brasil", disse à agência Lusa.


O executivo ressaltou que sua empresa não pretende fazer uma oferta hostil pela tele brasileira.

Granadeiro admitiu, porém, que no passado houve conversas entre os portugueses e os sócios da Telemar -cujo controle é dividido entre fundos de pensão nacionais, Citigroup, Opportunity, BNDESPar (braço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), subsidiárias do Banco do Brasil, La Fonte e GP.

Na entrevista, Granadeiro trocou três vezes o nome da Telemar -chamou-a de "Portugal Telemar".

No Brasil, a Portugal Telecom é dona de 50% da Vivo, maior operadora de telefonia móvel do país. Os outros 50% pertencem à espanhola Telefónica. Os portugueses também participam do UOL, portal de internet do grupo Folha.

Segundo reportagem ontem no jornal português "Diário Económico", o conselho de Administração da Portugal Telecom aprovou, na última segunda-feira, uma proposta para o lançamento de uma oferta pela Telemar.


A operação envolveria, no mínimo, um investimento de 3,5 bilhões. Também foi cogitado que parte do pagamento seria efetivada por meio de troca de ações.


A pedido da CMVM (comissão de valores mobiliários portuguesa), a Portugal Telecom divulgou comunicado negando ter apresentado qualquer proposta pela Telemar. Não explicitou, porém, se houve a aprovação da oferta pelo conselho.


Em Brasília, onde se reuniu com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e com o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Plínio Aguiar, o presidente da Portugal Telecom afirmou que o objetivo da Vivo é cobrir 100% do território brasileiro. E negou que as ações dos portugueses estejam à venda aos espanhóis.


"Não aceitamos a teoria de que a Telefónica seja a compradora natural da Vivo. A Vivo não é um território natural de expansão da Telefónica", disse.


Analistas de telecomunicações consultados pela Folha vêem sentido na proposta da PT pela Telemar, uma vez que a empresa brasileira tem grande geração de caixa e está pouco endividada. O entrave, segundo eles, pode ser a intenção, cada vez mais explícita, do governo de criar uma grande operadora nacional.


Eles também consideram que a venda das ações da Vivo reduziria muito o tamanho da PT -a concessionária móvel brasileira responde por 37% da receita dos portugueses, estimada em 5,6 bilhões em 2007, excetuando-se as operações multimídia.

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