12.11.07

Google agora quer invadir seu celular

Estadão

O Google anunciou, na semana passada, um ambicioso plano de fazer softwares para o 'coração' de celulares. Com a iniciativa, a empresa espera acelerar o que a Apple iniciou com o iPhone. O gigante de buscas está capitaneando uma ampla iniciativa para desenvolver novas tecnologias de software, com o objetivo de transformar celulares em poderosos computadores móveis. Com isso, pretende conquistar, na web móvel, a mesma importância que tem para a internet hoje.

O computador está encolhendo e saltando para os bolsos de milhões de pessoas. A fusão resultante de computação e comunicações provavelmente transformará a indústria de telecomunicações tão completamente quanto o PC mudou a computação no início dos anos 80.

Se for bem-sucedida, a iniciativa do Google renderá novos aparelhos que, como o iPhone, facilitarão o uso da internet e poderão ser mais baratos e fáceis de customizar.

O grupo liderado pela empresa de buscas, denominado Open Handset Alliance, espera iniciar as vendas dos telefones potencializados pelo Google na segunda metade de 2008. Entre os integrantes estão fabricantes de aparelhos, como Motorola, Samsung e LG; empresas de comunicações, como T-Mobile, Sprint e China Mobile; e companhias de semicondutores, como Qualcomm e Intel.

Ao entregar a desenvolvedores de software externos o acesso pleno às funções do telefone móvel, os membros da aliança esperam provocar uma proliferação de programas e serviços, como redes de relacionamento e compartilhamento de vídeos.

Apesar de o muito antecipado plano do Google ter provocado especulações sobre o lançamento de um Google Phone, a companhia disse que, por enquanto, não tem planos de fabricar celulares.

Analistas do setor foram rápidos em apontar que alianças impressionantes de telecomunicações e computação já foram propostas muitas vezes nas últimas décadas e geralmente tiveram pouco impacto. E a plataforma de softwares da aliança, que ainda não está completa, enfrentará a competição de rivais estabelecidas, como Microsoft, Nokia, Palm e RIM.

'Não estou convencido', disse o consultor de tecnologia Chetan Sharma. 'É uma lista muito impressionante, mas leva tempo para colocar as coisas no ecossistema.' Contudo, a força da marca Google junto aos consumidores e a estratégia de usar código aberto nos programas dificulta uma avaliação.

O Google está frustrado com a disponibilidade limitada de seus serviços em telefones móveis, cujos recursos e software são amplamente controlados por fabricantes de aparelhos e empresas de comunicações. Ao cortejar programadores, espera dar aos celulares novas capacidades que os usuários exigirão e vão dificultar a resistência dessas companhias.

A idéia é que, assim como planilhas eletrônicas, processadores de texto, videogames e um monte de softwares úteis transformaram o PC num eletrodoméstico de uso cotidiano há três décadas, o surgimento de novas aplicações móveis poderá estimular uma adoção mais ampla dos smartphones. Os criadores de software 'vão produzir aplicações que fazem coisas fantásticas na web e em celulares também', disse o presidente do Google, Eric E. Schmidt.

Um uso maior da internet, seja em computadores, seja em telefones, beneficiará o Google por causa do amplo alcance de seus sistemas de publicidade. Nesse sentido, é uma ameaça competitiva potencial à Microsoft e a outras companhias criadoras de software móvel.

John O'Rourke, diretor-geral dos negócios de Windows Mobile da Microsoft, se disse cético sobre a facilidade com que o Google conseguirá se tornar uma força importante no mercado de smartphones. 'Não seria o caso perguntar quais serão os custos adicionais na comercialização disso?', disse.

Segundo o Google, o software representa cerca de 10% do custo dos celulares, embora essa porcentagem esteja subindo com o barateamento do hardware. Sua futura plataforma, baseada no Linux e em linguagem Java, é chamada Android, nome de uma companhia que o diretor de plataformas móveis do Google, Andy Rubin, fundou, adquirida pela empresa em 2005.

Uma breve demonstração sugere que os telefones feitos com a tecnologia terão recursos e design parecidos com o iPhone. Será?




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