22.1.08

Intelig é vendida para Nelson Tanure


CONVERGÊNCIA DIGITAL

Em fato relevante encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários, a Docas Investimentos, empresa do empresário Nelson Tanure, que também detém o controle do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, comunica que comprou o controle acionário da Intelig Telecom, por um valor não revelado.

A Intelig, criada para ser a concorrente da Embratel, despertou o interesse de várias outras concorrentes, entre elas, a GVT, a Brasil Telecom e a Oi/Telemar, mas o negócio não prosperava em função das dívidas da empresa.

Segundo o informe oficial encaminhado ao órgão regulador financeiro nesta segunda-feira, 21/01 e que apenas trata da nova operação acionária da Intelig Telecom, o acordo de compra da Intelig foi fechado no último dia 14/01.

Uma venda anunciada

A operadora - que seria a "espelho" principal no desenho da privatização do setor de telecomunicações feito pelo Ministro Sérgio Motta - possui uma uma rede de fibra óptica instalada de norte a sul do País, totalizando mais de 500 mil Km de fibras com capacidade superior a 160 Gbps, sobre a qual estão os seus backbones ATM, IP e ISDN.

O início da Intelig Telecom - em 2000 - foi fulminante e parecia que ela seria, de fato, uma concorrente para às concessionárias tradicionais. A operadora tinha o apoio e o suporte dos acionistas - a inglesa National Grid, ligada à área elétrica, mas interessada em investir no Brasil, e das operadoras France Telecom e Sprint.

Respaldada, criou uma das redes mais modernas do país, num custo estimado de R$ 2,8 bi. Mas um dos principais mentores da companhia - um executivo da National Grid morreu e, a partir de 2002, os boatos sobre a sua venda sempre estiveram no mercado.

O primeiro deles surgiu com o interesse formal revelado pela GVT, empresa-espelho da Brasil Telecom, mas o negócio não prosperou. Uma das justificativas dada à época para o fracasso da negociação foi a alta dívida da Intelig junto aos seus fornecedores.

Depois aconteceu uma forte disputa entre os grupos GSC World Telecom, formado por ex-funcionários da operadora e liderada pelo então ex-presidente, José Carlos Cunha, e um consórcio formado entre a Brasil Telecom e Telemar (hoje consolidada na marca Oi).

A briga foi intensa; chegou ao órgão regulador do setor, e terminou com os dois grupos ficando fora do processo. Nesse interim, a pendência financeira da Intelig com os fornecedores cresceu. Em maio de 2004, o Deutsche Bank adquiriu a dívida da Intelig com a Alcatel.

A operadora devia US$ 170 milhões à fabricante francesa, mas a dívida foi vendida ao Deutsche Bank com deságio, por um montante entre US$ 60 milhões e US$ 90 milhões, de acordo com notícias publicadas à época nos principais jornais econômicos e especializados do Brasil.

Com a aquisição da dívida, esperava-se que o Deutsche Bank assumisse o papel de negociador da compra, mas nenhum grupo forte demonstrou ao longo deste período interesse formal de ficar com a operadora. Agora, enfim, a Intelig Telecom tem um novo dono. A transação até pega o mercado de "surpresa", uma vez que todas as atenções estão voltadas para a negociação entre a Brasil Telecom e a Oi/Telemar.

Interrogação

Um fato é significativo: A Intelig Telecom não está controlada por uma empresa do setor, mas sim por uma empresa de investimentos, a Docas, do empresário Nelson Tanure, que não possui qualquer tipo de ligação com a área de Telecomunicações, mas ínvestiu pesado para entrar na área de Comunicação, ao comprar mídias importantes como o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil.

Também teve uma experiência frustrada no setor de TV - tentou montar a TV JB, no lugar da CNT, mas a empreitada não durou muito tempo. Não à toa, Nelson Tanure é considerado um empresário tão controvertido como o é Daniel Dantas, do Banco Opportunity, que neste momento, é peça-chave na negociação que envolve a possível compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar. E que também teve papel crucial na disputa Telecom Italia/Brasil Telecom. Não há ainda maiores detalhes de como ficará a organização da Intelig Telecom, após essa compra.

Leia abaixo o fato relevante que concretiza a troca de controle acionário na Intelig Telecom.

Fato Relevante

Nos termos do artigo 157, parágrafo 4º, da Lei № 6.404, de 15.12.1976, e alterações posteriores, e do artigo 3o. da Instrução No. 358, de 03.01.2002, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Docas Investimentos S.A. informa:


1. Em 14.01.2008, Docas Investimentos S.A. celebrou acordo pelo qual adquiriu uma participação no capital da Intelig Telecomunicações Ltda. (Intelig Telecom), operadora de telecomunicações com destacada atuação no Brasil.

2. O acordo foi celebrado com os seguintes grupos econômicos: National Grid, um dos maiores conglomerados mundiais da área de energia, gás e telecomunicações; Grupo Sprint Nextel, o segundo maior do setor de telecomunicações dos Estados Unidos, e France Telecom, uma das principais empresas mundiais de telecomunicações.

3. Na data da transferência da titularidade das Ações das Vendedoras para a Compradora, a SN Holdings (BRII) LLC (empresa do Grupo Sprint Nextel) e a FTP Holdco 2 LLC (empresa do Grupo France Telecom) deterão, em conjunto 100% das quotas do capital da Telecom Entity Participações Ltda., que pertencem à France Telecom (50%) e à Sprint (50%).

4. A Telecom Entity Participações Ltda., por sua vez, em conjunto com a Botofoga Limited, deterá a totalidade das quotas do capital da JVCo Participações Ltda.

5. A JVCo Participações Ltda. detém a totalidade, menos uma, das quotas do capital da Holdco Participações Ltda., que é titular da totalidade, menos uma, das quotas do capital da Intelig Telecomunicações Ltda. (Intelig Telecom).

6. A Docas Investimentos S.A. detém a totalidade das ações da Phidias S.A., e com esta empresa controla a totalidade do capital da Docas Internacional Limited.

7. A Docas Internacional Limited detém a totalidade das quotas do capital da Compradora, a Premium Securities Management Limited, a ser transformada em Fundo de Investimento Privado.

8. Com esta aquisição Docas Investimentos S.A. inicia uma nova fase – a da incorporação de uma moderna empresa de telecomunicações.

Abrem-se, assim, oportunidades para convergência de mídias que, no mundo globalizado, agregam valor a empresas do setor e enriquecem as opções de consumo e cidadania digital.

9. A transferência das ações de que trata este fato relevante está sujeita à aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).


Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 2008.
Ronaldo Carvalho da Silva
Diretor de Relações com Investidores



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