CONVERGÊNCIA DIGITAL
Uma das maiores preocupações do presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, ao explicar a compra da Brasil Telecom, em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira (25/04), no Rio de Janeiro (RJ), foi a de informar a existência de um acordo prévio com a Brasil Telecom, no qual a fusão das duas empresas não vai gerar desemprego em nenhuma das duas operadoras por um prazo pré-determinado de três anos.
"Essa informação é importante porque não queremos gerar qualquer instabilidade. Isso estará no acordo de acionistas que ainda será assinado, o que é um fato histórico", comentou Falco, ao rebater as informações, segundo ele "veiculadas de forma errada na imprensa de que a fusão teria um impacto negativo e causaria milhares de demissões no setor".
O executivo explicou que nas avaliações das duas empresas não haverá colisão em 94% dos cargos e funções no processo de fusão, o que facilitaria a absorção da maioria dos funcionários. Falco disse que apenas 6%, a maior parte de cargos no alto escalão, poderão vir a ser revistos pelas companhias.
As ponderações de Falco são um claro recado para o governo e para o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Em várias entrevistas, o ministro revelou a preocupação de a fusão - apesar de ter o seu apoio - vir a causar demissões, principalmente, na Brasil Telecom, "a empresa comprada". Na revisão do PGO, por exemplo, a manutenção dos empregos é uma questão que está em análise pela Anatel e pelo Minicom.
Ao comentar o Fato Relevante que encaminhou nesta sexta-feira à CVM, no qual a Telemar se valeu do argumento da convergência tecnológica e da possibilidade de ganho para os consumidores para pedir mudanças no Plano Geral de Outorgas (PGO), Luiz Eduardo Falco disse que não há restrições na Lei Geral de Telecomunicações que impeçam a fusão da Oi/Telemar com a Brasil Telecom. "A operação proposta hoje é perfeitamente legal. A LGT não diz que é proibido", afirmou.
Aprovação em tempo recorde?
O executivo assegurou ainda que o Credit Suisse não irá pedir anuência prévia para a Anatel para assumir o controle do negócio. "Se o o acordo entre empresas privadas vier a não ser aprovado, o que, é claro, não espero, o Credit Suisse, de antemão e já com contrato assinado, abre mão do negócio e tudo volta a ser como está agora, sem mudanças de acionistas nas duas empresas", esclareceu Falco. O presidente da Oi acredita que como o PGO já está em revisão, a Anatel deverá levar no máximo, três meses para dar a sua posição. "É o que esperamos. É um negócio relevante para o Brasil", atestou.
Na prática, no entanto, a realidade tem sido outra. Para aprovar a compra da Telemig Celular pela Vivo, onde não havia impasses legais, a Agência levou quase seis meses. Em casos polêmicos, entre eles o da própria Oi, que comprou a Way TV, operadora de cabo de Belo Horizonte, a anuência levou quase um ano. Na Anatel, a revisão do PGO está com o Conselheiro Pedro Jaime Ziller. Em entrevista ao veículo especializado Teletime, ele afirmou "não ter pressa e que pelo regulamento possui 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para fazer o seu parecer".
Falco informou aos jornalistas ainda que a Oi assumiu ainda um "risco de negócios" de R$ 315 milhões. O montante será pago aos acionistas da Brasil Telecom e do Opportunity independentemente de a Anatel aprovar ou não a fusão. "Foi uma decisão de negócios e sabemos de todos os riscos dele. Era necessário para fecharmos o processo", completou.
O presidente da Telemar disse ainda que, neste momento, não haverá mudanças no comando das empresas. Isso significa que o atual presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher permanecerá à frente da companhia na região Centro-Sul.
Falco garantiu que até a aprovação da Anatel, as duas concessionárias, que concorrem em negócios corporativos, permanecerão como "adversárias" e que não haverá qualquer atuação da Oi no dia-a-dia da Brasil Telecom.
Questionado se a BrT não poderia vir a perder clientes, a partir do "ataque" da concorrência tal e qual aconteceu com a Telemig Celular, recém-comprada pela Vivo, durante o processo de espera da anuência da Agência Reguladora, Falco descartou a hipótese.
"Somos executivos que recebemos salários por cumprimentos de metas. Duvido que os executivos que estão à frente da Brasil Telecom queiram perder receita e salário. A companhia manterá o seu foco e a sua gestão até que a fusão venha a acontecer. Não vejo chances para os nossos concorrentes", salientou ainda o presidente da Oi.
Falco fez uma previsão otimista com relação à fusão. Segundo ele, a "Broi", em cinco anos, terá 110 milhões de usuários, sendo que 30 milhões serão de fora do Brasil, porque a empresa pretende competir no mercado global.
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