7.11.08

Operadoras: o desafio da competitividade


IP NEWS

Para Jesús Martín Tello, experienced manager da everis, telcos precisam se tornar facilitadores de serviços de valor agregado para atenderem à demanda de um novo tipo de cliente.

Durante a Futurecom, um dos principais assuntos abordados em palestras e coletivas foi a mudança pela qual o modelo de negócios das operadoras fixas e móveis deve passar num futuro próximo para atender a clientes cada vez mais exigentes. “Os novos hábitos de consumo tornam as ofertas n-Play uma necessidade no mercado e um diferencial ante a concorrência, especialmente no que se refere aos serviços multimídia. Apesar do retorno dos investimentos serem necessários a curto prazo, ainda existem diversas dúvidas sobre a demanda desses serviços, seja sob o ponto de vista de negócios ou do interesse real dos consumidores finais. Como a rentabilidade não é evidente, faz-se necessária uma análise cuidadosa da oportunidade. Hoje a única certeza que se tem é que a forma de fazer negócio das operadoras mudará no futuro próximo e o consumidor final será o protagonista dessa transformação”, diz Jesús Martín Tello, experienced manager da everis, consultoria multinacional de negócios e tecnologia da informação.


Atualmente, o mercado multimídia europeu movimenta mais de € 1,3 bilhão e o crescimento desse setor manteve-se na faixa dos 4,4% ao ano, desde 1998. Apesar do aumento da adoção dos itens básicos das companhias de telecomunicações serem superiores à média mundial na América Latina (5,5% em telefonia fixa, 30,4% em telefonia celular, 21,4% internet e 71,9% banda larga, de 2000 até 2005), os países da região terão o desafio de investir mais na convergência tecnológica para impulsionarem a penetração dos serviços multimídia e, assim, poderem capitalizá-los como catalisadores do desenvolvimento sócio-econômico. “As operadoras precisam deixar de pensar em serviços tradicionais. Se até agora elas ofereciam serviços end-to-end, daqui para frente passarão a controlar cada vez menos a cadeia de valor. Outras empresas irão desenvolver serviços, o que significa que as telcos perderão receitas”, avalia o especialista.


Dentro desse cenário, Jesús Martín Tello recomenda que as operadoras sigam investindo em suas redes, mas transformando-as em uma plataforma standard sobre a qual outras empresas (como Google, Facebook, Skype e Youtube) possam desenvolver uma nova tipologia de serviços. “As telcos não devem tentar replicar esses tipos de serviços, mas devem atuar como facilitadores, até mesmo melhorando essas ofertas com uma garantia de qualidade, eficiência e segurança”, adverte o consultor.

No Brasil


Enquanto na Europa esse novo modelo começa a amadurecer, Jesús Martín Tello diz que no Brasil ele começa a ser estudado agora. “Algumas operadoras fizeram grandes investimentos na adaptação da infra-estrutura para absorver essa tipologia de serviços. Mas todas têm grandes projetos que envolvem banda larga, IPTV, e desenvolvimento de uma plataforma de serviços. Todas estão no caminho”.


Em relação à regulamentação, o especialista admite se tratar de um tema complexo. Ele conta que na Europa existem iniciativas que vão em direções opostas: se de um lado há países que determinam por lei a desagregação das redes (como é o caso do Reino Unido), do outro lado há aqueles que decidiram proteger a rede das incumbents, principalmente as de fibra ótica. “Em países onde a concorrência não existe a desagregação da rede é válida, mas em países onde a competição é positiva é factível que as operadoras façam mais investimentos e agreguem diferenciais nisso. Acho que no mercado de telecom não existe modelo pior ou melhor. É preciso ver qual é o melhor para o momento”, conclui.

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