9.1.09

Oi conclui aquisição da BrT e já pensa no futuro

O GLOBO



RIO DE JANEIRO - A Oi (ex-Telemar) anunciou, nesta sexta-feira, que concluiu a aquisição do controle do Brasil Telecom (BrT), processo que começou em abril do ano passado, quando a companhia anunciou proposta de compra ao mercado, e teve ajuda do BNDES. A empresa desembolsou cerca de R$ 5,3 bilhões, que foram pagos na quinta-feira com dinheiro próprio da companhia. Além disso, a Oi assume dívida de cerca de R$ 1 bilhão da Invitel, detentora anterior das ações de controle da BrT. Com a operação, a sinergia - economia de despesass -, em valores presentes, pode chegar a R$ 1 bilhão (como os gastos em promoções, por exemplo). 

A Oi deverá encaminhar à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de oferta pública para a compra de ações ordinárias (ON, com direito a voto) da BrT e de sua holding, a Brasil Telecom Participações. Segundo analistas, a operação deve girar em torno de R$ 3,5 bilhões. Em um segundo momento, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) serão convertidas em ações da Oi. 

A supertele conta com 53 milhões de clientes e com receita de R$ 29,3 bilhões, maior que a da espanhola Telefônica (com R$ 28,7 bilhões) e do grupo mexicano comandado por Carlos Slim (de R$ 20,5 bilhões). A empresa, segundo Luiz Eduardo Falco, presidente da companhia, quer consquistar 30 milhões de clientes no exterior. O foco inicial, continua Falco, são em países da América Latina e Caribe, além de países da África que falam português. Fontes ligadas ao setor afirmam que, após fechar a compra da Brasil Telecom (BrT), a Oi (ex-Telemar) já sonha com a TIM Brasil , terceira maior operadora móvel do país com 37 milhões de clientes. 

- A empresa vai investir R$ 30 bilhões no próximos cinco anos em redes e aumento de acessos de internet discada e banda larga - disse Falco. 

Em São Paulo, onde já conta com dois milhões de clientes móveis a empresa também pensa em entrar no mercado de telefonia fixa em tecnologias sem fio. A Oi tem ainda 18 meses para saber se continua com o DDD 18, da Brasil Telecom, ou se unifica tudo pelo DDD da empresa na Região I (Sudeste, Norte e Nordeste), o 31. 

Com o pagamento feito na quinta-feira, a Oi ainda tem em caixa cerca de R$ 6 bilhões, disse Falco.

Especialistas em telecomunicações, no entanto, criticaram as 15 contrapartidas impostas pelo órgão regulador para aprovar o negócio entre BrT e Oi. Segundo Virgilio Freire, ex-presidente da Lucent e da Alcatel, acredita que o processo vai penalizar o consumidor. Para ele, faltaram condicionantes no que diz respeito a regras mais claras para o atendimento e transparência para o investimento maior para suportar o maior número de clientes. Luiz Cuza, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), faltou definir inúmeras regras. 

- Falta, sem dúvida, transparência. Não há nenhuma referência sobre atendimento nem de preços de assinatura básica e banda larga. Por isso, já pedimos à Anatel toda a documentação do processo para pensar em ações cabíveis. O órgão regulador também não disse nada sobre o alto nível de endividamento da companhia, que é uma concessão. Há limites - diz Cuza.


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