1.3.06

Operadoras querem verba de provedores para redes



John Blau, para o IDG Now!*
O principal executivo da operadora alemã Deutsche Telekom se uniu à ala dos que acreditam que as empresas de internet, como Yahoo e Google, devem ajudar a pagar os bilhões de dólares necessários à construção e manutenção da infra-estrutura para internet em alta velocidade


"Os clientes não devem ser os únicos a pagar por este novo mundo", disse o CEO (chief executive officer) Kai-Uwe Ricke em uma entrevista à revista alemã WirtschaftsWoche. "Empresas de internet que usam a infra-estrutura para seus negócios também devem contribuir", acrescentou o executivo.


Ele advertiu que, "se os usuários não estão dispostos a pagar e "Google e companhia" também não, não haverá canais de alta velocidade".


O CEO alemão ecoa a opinião emitida por John Thorne, vice-presidente sênior da Verizon Communications, no início deste mês.


Durante uma conferência para comemoração do décimo aniversário do Ato de Telecomunicações de 1996, dos Estados Unidos, Thorne disse que as telcos estão gastando uma "fortuna" para construir e manter infra-estruturas de alta velocidade para que empresas como Google e outros simplesmente "passeiem [por elas] com nada além de servidores baratos".


O executivo exigiu o que chama de fim do "almoço gratuito". Para gerar receitas às telcos, Ricke prevê um modelo de cobrança por qualidade de serviço ao invés da imposição de uma ferramenta geral de uso da infra-estrutura.


"Ainda estamos em um momento muito inicial do debate sobre como serão financiadas as redes de alta velocidade mais à frente", segundo o porta-voz da Deutsche Telekom, Mark Nierwetberg. "Nada será decidido do dia para a noite, mas precisamos chegar a um modelo para compartilhar custos destes investimentos monstruosos", acrescentou Nierwetberg.


Uma abordagem possível consiste em garantir acesso básico à internet às mesmas velocidades hoje oferecidas em DSL (Digital Subscriber Line), mas cobrar por "qualidade de serviço" para conexões mais velozes voltadas a downloads maiores, como filmes para TV de alta-definição, segundo Nierwetberg.


As afirmações de Ricke vêm à tona em um momento em que a Europa debate questões ligadas a regulamentações das redes de fibra ótica.


A representante da Comissão Européia, Viviane Reding, se opôs às negociações da Deutsche Telekom com o governo Alemão para deter o monopólio de uma rede de fibra ótica que será construída a tempo de transmitir jogos da Copa em alta velocidade.


A Deutsche Telekom afirmou que não investirá os 3 bilhões de euros previstos para o projeto se não tiver um comprometimento do governo em relação à questão regulatória.


Vinton Cerf, co-autor do TCP/IP e vice-presidente do Google, alertou recentemente na imprensa que a liberdade na internet pode ser comprometida e a escolha do cliente e a inovação podem ser limitadas se não forem estabelecidas proteções para manter a web neutra.
*John Blau é editor do IDG News Service, em Düsseldorf.

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