5.7.08

IDC vê 3G como desafio para operadoras brasileiras


CONVERGÊNCIA DIGITAL

Para a IDC, as teles móveis brasileiras precisam, o quanto antes, identificar uma nova "aplicação matadora" que não seja tão somente a oferta de acesso banda larga. Neste cenário, as soluções voltadas para o mercado corporativo ganham destaque. A TV móvel paga também é considerada uma opção de nova receita, mas a consultoria adverte: O preço tem que estar de acordo com a realidade nacional.

Com relação ao iPhone, que chegará no país no segundo semestre com três operadoras - Claro, Vivo e TIM - a consultoria estima que as teles vão apostar na prática da fidelização - como acontece mundialmente, mas como aqui há regras que limitam o prazo a 12 meses, o subsídio deverá ser, sim, uma prática para ganhar o consumidor, apesar da situação econômica das teles.

"Tenho absoluta convicção que apesar de as operadoras móveis não estarem em condições de absorver grandes subsídios nestes tipo de terminais, a disputa pelo cliente que quer o iPhone determinará uma 'guerra de preço'", observa o analista da IDC Brasil, Alex Zago.

"A fidelização será uma realidade. No Brasil, em função do regulamento do SMP, ela será de 12 meses, então, as operadoras racionalmente sabem que não devem subsidiar tão fortemente o terminal, mas há também a questão do marketing que é um diferencial importante aqui e a briga deve ser grande", complementa o analista.

A IDC Brasil, que nesta quarta-feira, 03/07, divulgou um estudo sobre o mercado brasileiro de telecomunicações, a Terceira Geração será um grande desafio a ser enfrentado pelas teles. A consultoria não revelou números sobre os usuários 3G no momento.

"Sabemos que há clientes, mas o serviço ainda começa. A grande disputa está na oferta de banda larga móvel, mas as próprias operadoras estão limitando a venda desses dispositivos porque perceberam a necessidade de melhorar a qualidade de suas infra-estruturas. O serviço desse tem de funcionar 100%", completa Zago.

Um novo tempo

Questionado se as operadoras móveis, em função da defasagem do início da oferta comercial da Terceira Geração no Brasil, vão apostar nas parcerias com fornecedores de notebooks, com chips 3G já embutidos, Zago diz que sim. Para ele, num médio prazo, essa será a grande alternativa para conquistar o usuário que anseia por mobilidade.

O embate será na parte relativa à reparticão de receita. "As operadoras terão mais um agente na cadeia para negociar. Eles já lidam com a indústria de celulares. Vão lidar, agora, com os fabricantes de notebooks", observa o analista de telecom da IDC Brasil.

Um dos apelos para a venda dos serviços 3G - a videochamada - ainda não decolou em nenhum lugar do mundo como aplicação de grande receita. "Ela é um atrativo, mas há questão de interoperabilidade. As operadoras terão que sentar à mesa e negociar como o fizeram com o SMS e com o MMS", diz Zago.

Já com relação à TV Móvel, apesar de o Brasil ter escolhido o padrão digital ISDBT, baseado no padrão japonês, que dificulta a oferta de terminais com a tecnologia, o analista está confiante no sucesso da oferta de conteúdo pago e diferenciado.

"As operadoras vão investir nesta linha. Há clientes interessados, sim. Acredito que uma linha própria de conteúdo, adequado ao formato móvel, será um diferencial significativo para a conquista de clientes de maior poder aquisitivo, apesar de acreditar que, num médio prazo, as operadoras brasileiras terão que criar pacote de preço único para os clientes", diz Zago.

Para o consultor da IDC Brasil, há um temor por parte das teles de adotar essa política - comum nos Estados Unidos - porque a grande base é de pré-pago e poderá haver uma base pós-paga, que consome mais hoje e terá uma redução de preço, mas essa prática de preço único poderá, também, significar a manutenção do cliente na base. "Esse é o desafio de quem gere hoje uma tele móvel no Brasil. Como criar serviços, fidelizar clientes e investir na universalização, determinada pela Anatel", conclui.

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