15.11.06

Acionistas da Telemar decidem sobre reestruturação acionária

O Globo

A Telemar realizará nesta segunda-feira o que deverá ser a maior assembléia de acionistas já realizada no Brasil. A partir das 10h, cerca de 1,2 milhão de detentores de papéis preferenciais da companhia terão o direito de decidir se aprovam ou não uma reestruturação que visa a retirar do mercado papéis da Telemar Participações, Tele Norte Leste Participações e Telemar Norte Leste, dando em troca, aos investidores, ações da nova empresa Oi Participações.

A operação marcará o ingresso da operadora de telefonia no Novo Mercado da Bovespa, onde são negociadas apenas ações ordinárias.

A grande dúvida, no entanto, é se os investidores preferencialistas irão ou não aceitar a proposta. O presidente da companhia, Luiz Eduardo Falco, alega que a reestruturação dará maior poder de captação no mercado à Telemar, o que seria importante em um cenário de consolidação do setor, em que a tendência é de fusões e aquisições entre companhias.

Embora concordem com a justificativa, analistas de mercado e acionistas questionam o valor estabelecido na relação de troca de ações. Segundo o determinado pela Telemar, acionistas detentores de papéis ordinários receberão 2,6 vezes mais papéis da Oi Participações do que os preferencialistas.

Nos cálculos da analista de telecomunicações da Ativa Corretora, Luciana Leocádio, a relação de troca é injusta e pressupõe um prêmio de 161% para as ações ordinárias sobre as preferenciais.

- Um ano atrás, antes da reestruturação ser anunciada, esta diferença entre os preços era de 40%. Hoje, ela está em torno de 110% e só não chegou aos 160% em função da das incertezas sobre a aprovação da reestruturação na assembléia. Mas se a operação for aprovada, certamente essa diferença irá se desfazer na hora - prevê.

Caso o quorum não seja obtido na votação - é necessária a aprovação de detentores representantes de 50% das ações preferenciais no mercado e mais 1 ação - será convocada uma segunda assembléia. Se, ainda assim, a quantidade mínima de preferencialistas não estiver presente, haverá uma terceira assembléia, imediatamente, porém com uma exigência de quorum de 25%.

Executivos da Telemar já disseram várias vezes que não farão uma nova proposta de relação de troca de ações caso a atual não seja aprovada. E vêm acenando com algumas vantagens na tentativa de convencer os investidores. A empresa se propôs, por exemplo, a elevar o valor distribuído em dividendos de R$ 785 milhões em 2006 para R$ 3 bilhões em 2007 e 2008, e para 80% do fluxo de caixa livre da operadora a partir de 2009.

- O valor da troca seria uma espécie de pedágio que o acionista PN estaria pagando para ingressar em uma empresa melhor - avalia Luciana.

O problema, alerta o analista de investimentos do Banco Modal, Eduardo Roche, é que os papéis da empresa estão muito pulverizados entre minoritários e fundos de investimento. Dois deles - o americano Brandes e o inglês Genesis, que juntos têm 15% do capital preferencial da empresa - já se disseram contra a operação.

- Outros, como o Capital e o Templeton, ainda não se manifestaram. Mas, se votarem contra, representarão mais 15% dos papéis. A base de acionistas é enorme, mas são os grandes fundos que têm o maior poder de decisão - avalia.

Luciana Leocádio alerta para o fato de que os controladores atuais da empresa - entre eles a AG Telecomunicações (Andrade & Gutierrez) e a GP-, já indicaram o interesse de deixar o comando da empresa ao aceitarem a operação.

- Caso a reestruturação não seja aprovada, a Telemar pode virar uma empresa consolidada e não uma consolidadora nesse processo que vem acontecendo (de fusões e aquisições). Se isso acontecer, os acionistas ordinários têm direito a 80% do prêmio pago pela aquisição do controle da empresa, segundo a lei. Já os preferencialistas ficam sem nada - alerta.

Nenhum comentário: