16.7.07

Jornal italiano diz que TIM já está fechando venda da BrT

Convergência Digital

Uma semana de muitas emoções no setor de telecomunicações. Depois da especulação em torno da proposta da Telefónica à Portugal Telecom para a compra do controle integral da Vivo, nesta quinta-feira, 12/07, desponta mais uma possível negociação envolvendo uma concessionária brasileira.

O jornal italiano Il Sole 24 Ore traz uma reportagem na qual afirma que a Telecom Italia, que detém 38% da Solpart, holding que controla a Brasil Telecom, estaria finalizando a venda de sua participação na Brasil Telecom (BrT) para os fundos de pensão por US$ 550 milhões.

A venda da participação da Telecom Italia no controle da Brasil Telecom foi anunciada há meses em função da questão regulatória no Brasil: Havia a superposição de licenças na telefonia móvel entre a TIM, 100% controlada pela Telecom Italia, e a BrT GSM, controlada pela Brasil Telecom.

A Anatel determinou que a Telecom Italia, que desde o início da operação da Brasil Telecom, teve uma relação bastante conflituosa com os demais acionistas, em especial, com o grupo Opportunity, gerido pelo banqueiro Daniel Dantas, vendesse uma das participações. A escolha recaiu, é claro, na Brasil Telecom. As ações da operadora italiana estão sob gestão do Credit Suisse, medida encontrada pelo órgão regulador para permitir a operação das duas teles móveis durante o processo de venda das ações.

Após a determinação da Agência, o JP Morgan foi contratado para vender as ações e os fundos de pensão, que já participam do capital da Brasil Telecom, sempre despontaram, nos rumores de mercado, como candidatos naturais ao negócio.

De acordo com a reportagem, o grande ponto de interrogação no negócio é o comportamento do Opportunity, gerido por Daniel Dantas, que ainda segundo a matéria do Il Sole 24 Ore, está envolvido em uma “intrincada disputa judicial” na Brasil Telecom.

A disputa poderá colocar em risco a operação que está sendo costurada no momento, mas a matéria diz ainda que a venda das ações aos fundos de pensão teriam o aval do governo Lula, interessado em criar um modelo que permitisse a fusão entre a Brasil Telecom e a Oi.

Uma história de conflitos

Em outubro do ano passado, a Anatel aprovou a operação apresentada pela Telecom Itália para acabar com a sobreposição de operações entre a TIM e a Brasil Telecom na telefonia fixa e móvel.

A operação consistia na determinação da Telecom Italia em se desfazer das sobreposições de outorgas do Serviço Móvel Pessoal (SMP) na Região II do Plano Geral de Autorizações (PGA) e do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) de longa distância nacional e internacional nas três regiões do Plano Geral de Outorgas (PGO), no caso na Brasil Telecom.

Para preservar os interesses da concessionária, a Anatel manteve as vedações referentes ao exercício de voto e veto da Telecom italia nas deliberações da empresa relacionadas aos serviços de Telefonia Fixa, nas modalidades de longa distância nacional e internacional, além do Serviço Móvel Pessoal (SMP), mantendo o Ato nº41.780, instituído em 16 de janeiro de 2004.

A Telecom Italia, que levou quase um ano para apresentar a saída, propôs e teve a alternativa aprovada pela Anatel, a transferência para a Brasilco S.r.l. da totalidade das ações com direito a voto detidas pela operadora italiana no capital social da Solpart Participações S/A, que corresponde a 38%, controladora da Brasil Telecom Participações S/A., da Brasil Telecom S/A. e da 14 Brasil Telecom Celular S/A. A Brasilco é uma subsidiária integral da Telecom Italia, com sede na Itália.

A Agência aceitou ainda a transferência da participação da Telecom Italia na Brasilco para um "fundo fideicomisso" (trust instituído na Inglaterra para gerir a carteira e cuidar das negociações para a venda), que ficou sob a administração independente do Credit Suisse Securities (Europe) Limited, que na justificativa da Agência, poderia asssumir a função por não ter nenhum envolvimento com o setor de telecomunicações no Brasil.

A decisão de colocar as ações da Brasil Telecom num fundo independente afastou a Telecom Italia de participação na gestão da Brasil Telecom, mas manteve os direitos econômicos da operadora na concessionária de telefonia fixa.

Agora, ao que parece, a Telecom Italia está chegando ao seu intento: Vender as ações, encerrando um litígio regulatório, e ao mesmo tempo, obter recursos financeiros para sair definitivamente do controle da concessionária de telefonia fixa.

Os recursos - caso realmente as ações sejam vendidas por US$ 550 milhões, cerca de R$ 1 bi - podem ser aportados na gestão da TIM Brasil, que já revelou forte interesse em comprar as licenças de Terceira Geração, que deverão ser vendidas, se a Anatel mantiver a promessa dela, no segundo semestre deste ano.

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