10.7.07

Telefônica oferece US$ 4,8 bi pelo controle da Vivo

Convergência Digital

O controle acionário da Vivo está mais uma vez em disputa. Em entrevista concedida ao jornal Financial Times, nesta segunda-feira, 09/07, o CEO do grupo Telefónica, César Alierta, revelou que fez uma proposta de aproximadamente três bilhões de euros ou US$ 4,8 bi para ficar com o controle integral da Vivo, líder do ranking nacional de telefonia celular do Brasil.

Segundo Alierta, a Portugal Telecom, que detém 50% da Vivo, ficou de dar uma resposta em agosto. Na entrevista, o CEO da Telefónica admitiu que a Vivo teve uma redução de performance no mercado brasileiro em função da tensão que marca o relacionamento da joint-venture Portugal Telecom/Telefónica nos últimos meses.

A afirmação de Alierta ao Financial Times contraria as informações fornecidas pelo presidente da Vivo, Roberto Lima, sempre que questionado sobre o impacto da disputa entre Telefónica e Portugal Telecom pelo controle da operadora. Lima sempre enfatizou que a briga dos acionistas não entrava nas reuniões do Conselho de Administração, tanto que a operadora decidiu investir na montagem da infra-estrutura GSM - um aporte de cerca de R$ 1 bi - para ficar à frente do market share nacional.

A briga entre a Telefónica e a Portugal Telecom teve vários rounds. O mais delicado deles foi o apoio dado pelo grupo espanhol ao Sonaecom, que fez uma proposta de compra hostil da operadora portuguesa. A proposta do grupo Sonae acabou rejeitada pela maioria dos acionistas da operadora portuguesa e a relação entre Telefónica e Portugal Telecom ficou bastante estremecida. Logo depois, a titã espanhola adquiriu parte do controle da Telecom Italia, numa ação também considerada 'desagradável' pela Portugal Telecom.

A gigante portuguesa, no entanto, não demorou a dar um contragolpe. Em recente visita ao Brasil, o presidente da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, teria deixado claro ao ministro das Comunicações, Hélio Costa, que estaria interessada em participar da operação em torno da criação de uma operadora que reunisse Brasil Telecom e Oi. Nascia a idéia, endossada por Costa, de criar uma operadora 'luso-brasileira' para enfrentar os titãs internacionais.

Caso a Portugal Telecom venha a aceitar a proposta feita pela Telefónica, a operadora espanhola , especula a reportagem do Financial Times, deverá vender os 10% que detém no controle acionário na telco portuguesa. Na matéria, Alierta confirma que a Telefónica focará suas atividades na Europa e na América Latina. Em função disso, desponta o grande interesse de assumir o controle integral das ações da Vivo. O Brasil é o quinto mercado mundial de telefonia móvel celular e deverá realizar ainda este ano, o leilão para a Terceira Geração.

Alierta - numa posição até surpreendente, já que tocou na reportagem em questões delicadas e que precisam passar pelo crivo dos órgãos reguladores dos países envolvidos - descartou uma fusão entre a Vivo e a TIM Brasil, em função das regulamentações do setor no Brasil, mas confirmou que está, sim, pensando numa 'parceria industrial estratégica entre as operadoras'. Ou seja, a idéia é fazer com que as duas operadoras - caso a Telefônica venha a ficar, de fato, com o controle da Vivo - possam vir a compartilhar infra-estrutura de redes.

Essa 'parceria', assegurou Alierta ao Financial Times, traria uma economia de cerca de 500 milhões de euros para cada uma das operadoras - Telefónica e Telecom Italia - nos próximos quatro anos, até porque o Brasil está licitando as freqüências de Terceira Geração. Expectativa é que o leilão aconteça ainda este ano.

Nenhum comentário: