Trio da Telefônica não diz tudo

Estadão

A Telefônica recentemente lançou seu pacote do tipo 'três-em-um': é o Trio, que inclui TV por assinatura, telefonia fixa e internet. É um lançamento importante, que tenta reagir ao crescimento da NET - em sua última edição, o Link comparou os pacotes das duas empresas (veja em tinyurl.com/32cvoe).

Mas, nos últimos dias, surgiu um ponto extremamente polêmico. Ao contrário do que se pensava, o Trio não inclui a assinatura da linha telefônica.

Ou seja: além da mensalidade do serviço, que supostamente já inclui telefonia fixa, é preciso pagar mais R$ 37,98 pela assinatura da linha. Dá uma boa diferença. O plano mais simples, que custa R$ 118,70 (R$ 69,90 nos 3 primeiros meses), sobe para R$ 156,68 com essa nova taxa - um acréscimo superior a 30%.

E a publicidade do serviço Trio não informa esse detalhe crucial. Ela sugere que o consumidor 'consulte o regulamento', disponível no site www.speedy.com.br/promocaotrio.

Só que esse 'regulamento' é confuso. Em vez de informar, com todas as letras, que a assinatura da linha telefônica não está inclusa, ele diz que: 'a promoção inclui oferta de condições diferenciadas para a fruição do serviço telefônico fixo'.

'A propaganda pode induzir a erro. E o regulamento deveria ter linguagem mais clara', ataca Maria Inês Dolci, da organização Pro Teste - que já encaminhou queixas à Anatel e ao Ministério Público.

Segundo a Telefônica, o consumidor é informado de todas as condições antes de assinar o pacote Trio, como a questão da assinatura à parte - tudo o que o Trio faz é dar uma 'turbinada' na linha, que passa a ter 'ligações ilimitadas para telefones fixos'. Só que nem isso é bem assim. O próprio regulamento estipula um limite de 2.000 minutos de ligações mensais.

O regulamento diz que, 'por mera liberalidade', a Telefônica não cobrará os minutos excedentes. Mas só até o final do ano. E depois? Depois, 'será cobrado o valor vigente à época'.

A conexão à internet também é polêmica. Sua velocidade é 'variável', ou seja, em alguns planos pode oscilar até 400% - segundo a Telefônica, tudo depende das condições técnicas da rede no bairro em que você mora.

Pode até ser, mas está dando o que falar. 'A Telefônica está sentindo o golpe. A infra-estrutura deles é inferior', provoca Marcio Carvalho, diretor da NET.