1.10.07

Música dá o tom para as celulares

Valor

As operadoras de telefonia móvel sempre dançaram conforme a música para levar a melhor na competição acirrada que travam pela preferência do assinante. Mas essa expressão nunca foi levada tão ao pé da letra como agora. O hit que agita as empresas, no momento, é o download de músicas no celular.



A Claro anuncia, hoje, o lançamento de uma loja virtual que terá, inicialmente, 100 mil faixas em catálogo - e planos para chegar a 1 milhão em dois anos. A iniciativa, feita em parceria com o site iMusica, não ficará restrita ao Brasil. A divulgação será feita simultaneamente por todas as empresas do grupo mexicano América Móvil. O acervo será ajustado à cultura de cada país.


Também nesta semana, a Vivo revelará três ações importantes para complementar a estratégia que já tem nesse segmento. Uma delas é um acordo para distribuir músicas da Sony BMG. O contrato foi assinado na sexta-feira e, com ele, a gravadora se juntará à Universal e à Warner, que já têm parcerias com a operadora.


A segunda ação é que os clientes da Vivo poderão ter direito a um serviço "dois em um". Quem baixar uma música no celular poderá tê-la também no computador, pagando uma só vez. O mesmo ponto é ressaltado pela Claro em seu serviço. Por último, clientes da Vivo poderão fazer downloads do Sonora, site de música do portal Terra, e os arquivos ficarão disponíveis no micro e no telefone móvel. Os anúncios serão feitos na Futurecom, feira de telecomunicações que ocorre de hoje a quinta-feira, em Florianópolis.


"A tendência de o celular virar um tocador de MP3 já é realidade, assim como ocorreu com a câmera fotográfica há algum tempo", afirma Marco Quatorze, diretor de serviços de valor agregado e roaming da Claro.


Esse é um refrão que as operadoras cantam em uníssono. Todas têm planos para ocupar espaços no mercado de música. A Oi (ex-Telemar) terá uma loja de música até o início do próximo ano. A TIM lançou a sua em maio, enquanto a Vivo, com a ampliação dos contratos, planeja multiplicar seu portfólio, hoje composto de 5 mil canções.


A despeito do xeque-mate que os sites de compartilhamento de arquivos impuseram à indústria fonográfica mundial, as operadoras de telefonia móvel apostam ter um terreno a explorar. "Acreditamos muito que o celular é o melhor meio para distribuir música, já que ele está sempre com você", ressalta Roger Solé, diretor responsável pelos clientes especiais da Vivo.


Na Claro, cada música custará R$ 3,99 mais o tráfego de dados (R$ 1,00 por megabyte). Apesar da enorme oferta de downloads gratuitos na web, Quatorze avalia que esse preço será competitivo. Para tornar o serviço mais atraente, a empresa oferecerá a possibilidade de o cliente baixar a mesma música no celular e no computador pagando só uma vez pelo arquivo. Inicialmente, o serviço estará disponível apenas para sete modelos de celulares da Nokia, mas em breve será estendido a outros aparelhos, diz o executivo.


A Vivo, que ingressou no mercado de música pelo celular em meados de 2005, fez alguns ajustes em seu modelo de negócios. O download de uma faixa custa R$ 4,30, mas alguns meses atrás a operadora deixou de cobrar pelo tráfego de dados e pela navegação no catálogo de músicas. A empresa também deixou de bloquear seus aparelhos para downloads feitos de outras fontes que não sua própria loja.


Mais recentemente, a Vivo passou a apostar nos celulares "temáticos". Em abril, lançou um aparelho que trazia um cartão de memória com o novo disco da cantora Ivete Sangalo. Para as vendas de Natal, a mesma estratégia será adotada com a banda Jota Quest e o cantor americano Lenny Kravitz. Segundo Solé, esse tipo de ação ajuda a despertar o interesse dos clientes e a familiarizá-los com o serviço. "O número de downloads feito por quem tem o celular da Ivete Sangalo é muito maior do que a média, porque as pessoas aprenderam a usar." Com essas ações, a Vivo registrou em agosto quase 200 mil músicas baixadas. Desde o início do ano, acumula mais de um milhão de downloads. O número, diz Solé, tem crescido entre 10% e 15% ao mês.


Outras operadoras também notam interesse crescente de seus assinantes. A transferência de música na TIM cresceu 37% entre março de 2006 e este ano. Já na Oi, a música ocupa o segundo lugar entre os serviços de transmissão de dados mais procurados pelos clientes - as mensagens de texto (SMS, na sigla em inglês) continuam disparadas na liderança. Por enquanto, grande parte dos downloads refere-se a campainhas para o celular e a trechos de músicas, e não a faixas completas.


Com a abertura da loja virtual prevista para o início de 2008, a Oi pretende replicar o modelo adotado para vender os toques de celular - estimular o download de músicas que tocam na Oi FM, emissora de rádio que a operadora mantém em diversas cidades onde atua. "Também estamos pensando em outras possibilidades, como o cliente escutar músicas no celular sem ter de baixá-las", explica Fiamma Zarife, gerente de conteúdo, numa referência ao formato conhecido como "streaming", usado geralmente em vídeos.


O enorme sucesso de campainhas para o telefone móvel parece ser decisivo para o entusiasmo das operadoras com o mercado fonográfico. Os clientes da Claro fazem 3 milhões de downloads de toques de celular e "truetones" (trecho da gravação de uma música) por mês, pagando entre R$ 2 e R$ 4,50 por eles.


Cada companhia testa seus próprios modelos de receita. Na TIM, os toques de celular saem por R$ 3,99 a R$ 5,99. Já no download de músicas inteiras, o serviço é pago na forma de tráfego de dados. A empresa também começou a experimentar um modelo de assinatura. O valor é de R$ 4,99 por semana e permite vários downloads.


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