4.12.07

Por receita, celulares "boicotam" TV Digital aberta


Convergência Digital

Para o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ainda resta na indústria móvel, respingos da derrota imposta ao padrão europeu - DVH-B, que obrigava às operadoras de radiodifusão a pagar às teles pela recepção do sinal da TV Aberta Digital. No padrão japonês, escolhido pelo governo, depois de uma grande pressão dos radiodifusores, essa recepção acontece de forma gratuita.

"Tudo é pago nas Teles. O download da Internet é pago. Ver TV não será pago. E isso desagrada às operadoras. Só que elas não têm saída. O assinante vai exigir o seu direito", disparou Costa. As declarações do ministro das Comunicações ocorreram no programa Canal Livre, realizado neste domingo, 02/12, na Rede Bandeirantes de Televisão, para a discussão sobre a TV Digital aberta - lançada oficialmente na cidade de São Paulo.

Para o ministro das Comunicações, as teles móveis são movidas pelo mesmo motivo que faz a indústria de TVs boicotar, na visão dele, a produção de conversores - que permitem a conversão do sinal analógico para o digital - nas TVs atuais: Rentabilidade.

"Se o assinante tem um terminal 3G no qual ele pode ver TV aberta de graça, ele vai deixar de falar ao telefone. Ele vai deixar de fazer download da Internet, serviços pelos quais as operadoras cobram. É dinheiro que deixa de entrar. Mas não há como elas evitarem que o processo evolua. Será uma necessidade de mercado. O consumidor irá exigir", declarou Costa.

Ele lembrou que no Japão, por exemplo, já existem mais de seis milhões de assinantes com capacidade de ver TV digital aberta nos seus celulares. O "ataque" do ministro é dirigido, neste momento, para a operadora Claro, que recém-iniciou a transmissão da Terceira Geração nas cidades de Brasília, Fortaleza e Recife, na faixa de 850 Mhz, e promete 3G também em São Paulo e no Rio de Janeiro, ao longo deste mês de dezembro, mas sem qualquer possibilidade de recepção do sinal da TV digital aberta.

Isto porque a operadora - que lança o serviço com um portfólio de celulares 3G, não trouxe nenhum com capacidade para "capturar" as imagens. No lançamento oficial da 3G da operadora, em São Paulo, o presidente da Claro, João Cox, foi taxativo ao afirmar que, neste momento, não era estratégico para a tele ter este terminal nos seur produtos. A Claro aposta no seu produto pago - uma espécie de operação de cabo pago - a Claro Idéias, que terá uma programação maior, mas pela qual o consumidor paga para ter acesso à programação de TV.

O direito da opção

Sem querer polemizar, o presidente da Qualcomm Brasil, Marco Aurélio Rodrigues, disse na semana passada, durante almoço de confraternização de final de ano da empresa com a imprensa, que a vinda dos terminais capacitados para a recepção do sinal da TV Digital aberta é inevitável e acontecerá ainda no primeiro semestre de 2008, quando mais operadoras devem lançar seus serviços de Terceira Geração - caso o leilão, de fato, aconteça no próximo dia 18 de dezembro, na Anatel, como está agendado.

"Quem trouxer primeiro, terá um diferencial. Será uma questão de mercado. No Japão, foi assim. E aqui, não será diferente", destacou Rodrigues. O executivo, no entanto, enfatizou que é necessário que haja a possibilidade de as teles terem a oportunidade de criarem suas TVs pagas - como aconteceu com as operações de cabo - para a exploração do negócio. "Quero muito crer que teremos a possibilidade de ter uma TV paga no celular 3G. Isso é dar uma opção ao consumidor e à indústria de conteúdo", complementou o presidente da Qualcomm do Brasil.

Nos Estados Unidos e no Japão, a Qualcomm investiu na tecnologia MediaFlo - que permite essa operação paga - em todos os estágios - desde o desenvolvimento da tecnologia até a operação. Aqui no Brasil, segundo Rodrigues, a intenção é que operadoras usem a tecnologia da Qualcomm para explorar seus negócios. "Neste momento, esta será a nossa estratégia. Mostrar a MediaFlo para as teles. Não queremos ser uma operadora", completou o executivo.



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