David Pogue | NYT
Se o assunto é como divulgar um produto, o Apple iPhone nos últimos seis meses foi tema de 11 mil artigos na imprensa, e uma busca no Google resulta em 69 milhões de retornos. Os adeptos mais devotados estão acampados diante das lojas Apple, blogs apelidaram o aparelho de "Jesus dos celulares" -tudo isso antes que um único consumidor encostasse no produto. Como isso é possível?
O fato é que boa parte dos exageros e algumas das críticas quanto ao iPhone são perfeitamente justificados. O iPhone é revolucionário e imperfeito. Faz coisas que nenhum celular foi capaz de fazer até hoje, mas carece de recursos que até os concorrentes mais básicos têm. Os dois modelos iniciais custam até US$ 600 e têm até 8 GB de memória -espaço para 1.825 canções. O preço é alto, mas inclui celular, iPod com vídeo, e-mail, navegador de internet, câmera, organizador pessoal semelhante aos Palms e, acima de tudo, é um tremendo símbolo de status. Ele é tão fino que faz com que Treos e BlackBerrys pareçam obesos. É fácil manchar o vidro, mas não é fácil arranhá-lo. Mas a maior realização é o software. É rápido, bonito e mortalmente fácil de operar. Não há como perder o rumo, porque o único botão físico do aparelho leva o usuário de volta à tela inicial, onde estão ícones para as 16 funções do iPhone.
Com apenas um dedo, percorre-se uma lista; as capas de CDs se abrem quando você as toca; as mensagens de e-mail rejeitadas "caem" em uma cesta de lixo. Tudo é enfeite, mas torna o aparelho divertido de usar, o que dificilmente se diz sobre a maioria dos celulares. Quando o aparelho for colocado à venda, hoje, não será preciso comprar o serviço em uma loja, sob pressão dos vendedores; é possível levá-lo para casa e escolher o plano com o software iTunes. Você não precisa verificar mensagens de voz; o aparelho verifica. Um botão lista as mensagens gravadas como e-mails. Quando a ligação é atendida, música e vídeos param até que você desligue. Fazer uma ligação, no entanto, pode requerer até seis passos: ligar, liberar botões, ir à tela inicial, abrir o programa de telefonia, verificar a lista de chamadas recentes ou a agenda e selecionar um nome. O e-mail é fantástico; as mensagens chegam completamente formatadas, sem perder nenhum recurso gráfico. Mas o melhor é o browser de internet.
Não é uma versão simplificada e claustrofóbica como as que vemos normalmente em celulares; o usuário tem acesso a layouts de web com todas as fontes. A ponta do dedo faz o controle de rolagem, muito mais rápido do que as barras de rolagens convencionais. Bater duas vezes na tela amplia um bloco de texto para leitura, e girar o aparelho em 90 graus causa rotação e ampliação da imagem. É possível ampliar uma página, e-mail ou foto com polegar e indicador sobre a tela, unidos, e os afastando gradualmente. A imagem cresce como se fosse impressa em borracha. O iPhone é também um iPod, carrega músicas, vídeos e fotos. Fotos, filmes e até vídeos do YouTube ficam espetaculares na tela de 3,5 polegadas e alta resolução. A Apple afirma que uma carga de bateria propicia oito horas de voz, sete horas de vídeo ou 24 horas de áudio. Meus resultados não foram tão impressionantes: cinco horas de vídeo e 23 de áudio.
Na prática, você provavelmente precisará recarregar a cada dois dias. Não há porta de memória, programa de chat, discagem por voz. Não se pode instalar programas novos de empresas que não a Apple. O browser não aceita Java ou Flash, o que bloqueia o acesso a milhões de vídeos na internet. A câmera de dois megapixel é boa para fotos se o tema estiver imóvel e bem iluminado. Mas não faz vídeo nem envia mensagens com imagens (no padrão MMS) a outros celulares. E há a pequena questão da digitação. Acertar as pequenas teclas virtuais que a tela de toque exibe é frustrante, especialmente no começo. Dois itens tornam o serviço tolerável. Um software inteligente oferece palavras completas após as primeiras letras digitadas; e a sugestão das instruções de "confiar" no teclado. Sem preocupação com cada letra, velocidade e precisão crescem consideravelmente. Mesmo assim, inserção de texto não é o ponto forte do iPhone.
O BlackBerry não perderá seu espaço tão cedo. Mas, mesmo na versão 1.0, o iPhone é o mais sofisticado e inovador eletrônico a chegar ao mercado em anos. Faz tantas coisas tão bem, e de forma tão agradável, que é fácil perdoar seus defeitos. Os exageros sobre ele talvez não sejam exageros. Como disse o jogador de beisebol Dizzy Dean, "se você realizou alguma coisa, falar sobre ela não é contar vantagem".
Se o assunto é como divulgar um produto, o Apple iPhone nos últimos seis meses foi tema de 11 mil artigos na imprensa, e uma busca no Google resulta em 69 milhões de retornos. Os adeptos mais devotados estão acampados diante das lojas Apple, blogs apelidaram o aparelho de "Jesus dos celulares" -tudo isso antes que um único consumidor encostasse no produto. Como isso é possível?
O fato é que boa parte dos exageros e algumas das críticas quanto ao iPhone são perfeitamente justificados. O iPhone é revolucionário e imperfeito. Faz coisas que nenhum celular foi capaz de fazer até hoje, mas carece de recursos que até os concorrentes mais básicos têm. Os dois modelos iniciais custam até US$ 600 e têm até 8 GB de memória -espaço para 1.825 canções. O preço é alto, mas inclui celular, iPod com vídeo, e-mail, navegador de internet, câmera, organizador pessoal semelhante aos Palms e, acima de tudo, é um tremendo símbolo de status. Ele é tão fino que faz com que Treos e BlackBerrys pareçam obesos. É fácil manchar o vidro, mas não é fácil arranhá-lo. Mas a maior realização é o software. É rápido, bonito e mortalmente fácil de operar. Não há como perder o rumo, porque o único botão físico do aparelho leva o usuário de volta à tela inicial, onde estão ícones para as 16 funções do iPhone.
Com apenas um dedo, percorre-se uma lista; as capas de CDs se abrem quando você as toca; as mensagens de e-mail rejeitadas "caem" em uma cesta de lixo. Tudo é enfeite, mas torna o aparelho divertido de usar, o que dificilmente se diz sobre a maioria dos celulares. Quando o aparelho for colocado à venda, hoje, não será preciso comprar o serviço em uma loja, sob pressão dos vendedores; é possível levá-lo para casa e escolher o plano com o software iTunes. Você não precisa verificar mensagens de voz; o aparelho verifica. Um botão lista as mensagens gravadas como e-mails. Quando a ligação é atendida, música e vídeos param até que você desligue. Fazer uma ligação, no entanto, pode requerer até seis passos: ligar, liberar botões, ir à tela inicial, abrir o programa de telefonia, verificar a lista de chamadas recentes ou a agenda e selecionar um nome. O e-mail é fantástico; as mensagens chegam completamente formatadas, sem perder nenhum recurso gráfico. Mas o melhor é o browser de internet.
Não é uma versão simplificada e claustrofóbica como as que vemos normalmente em celulares; o usuário tem acesso a layouts de web com todas as fontes. A ponta do dedo faz o controle de rolagem, muito mais rápido do que as barras de rolagens convencionais. Bater duas vezes na tela amplia um bloco de texto para leitura, e girar o aparelho em 90 graus causa rotação e ampliação da imagem. É possível ampliar uma página, e-mail ou foto com polegar e indicador sobre a tela, unidos, e os afastando gradualmente. A imagem cresce como se fosse impressa em borracha. O iPhone é também um iPod, carrega músicas, vídeos e fotos. Fotos, filmes e até vídeos do YouTube ficam espetaculares na tela de 3,5 polegadas e alta resolução. A Apple afirma que uma carga de bateria propicia oito horas de voz, sete horas de vídeo ou 24 horas de áudio. Meus resultados não foram tão impressionantes: cinco horas de vídeo e 23 de áudio.
Na prática, você provavelmente precisará recarregar a cada dois dias. Não há porta de memória, programa de chat, discagem por voz. Não se pode instalar programas novos de empresas que não a Apple. O browser não aceita Java ou Flash, o que bloqueia o acesso a milhões de vídeos na internet. A câmera de dois megapixel é boa para fotos se o tema estiver imóvel e bem iluminado. Mas não faz vídeo nem envia mensagens com imagens (no padrão MMS) a outros celulares. E há a pequena questão da digitação. Acertar as pequenas teclas virtuais que a tela de toque exibe é frustrante, especialmente no começo. Dois itens tornam o serviço tolerável. Um software inteligente oferece palavras completas após as primeiras letras digitadas; e a sugestão das instruções de "confiar" no teclado. Sem preocupação com cada letra, velocidade e precisão crescem consideravelmente. Mesmo assim, inserção de texto não é o ponto forte do iPhone.
O BlackBerry não perderá seu espaço tão cedo. Mas, mesmo na versão 1.0, o iPhone é o mais sofisticado e inovador eletrônico a chegar ao mercado em anos. Faz tantas coisas tão bem, e de forma tão agradável, que é fácil perdoar seus defeitos. Os exageros sobre ele talvez não sejam exageros. Como disse o jogador de beisebol Dizzy Dean, "se você realizou alguma coisa, falar sobre ela não é contar vantagem".
Nenhum comentário:
Postar um comentário