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Steve Jobs, o fundador e presidente da Apple, quer fazer com o cinema o mesmo que conseguiu fazer com o mercado da música: uma completa revolução. Com o lançamento, na semana passada, do novo modelo do AppleTV, aparelho que permite que filmes sejam baixados da internet e vistos diretamente na televisão, em alta resolução, a Apple pretende alcançar o mesmo efeito do iPod - o mais vendido tocador de MP3 do mundo -, que praticamente assinou a pena de morte dos CDs. Ou seja, por essa lógica, as vendas de DVDs também estariam condenadas.
Mas, pelo menos no Brasil, essa equação está longe da realidade. Por aqui, fazer o download de um filme esbarra na limitada capacidade da internet banda larga. Cerca de 95% dos assinantes de serviços de internet banda larga, segundo dados da consultoria IDC, dispõem de velocidade de no máximo 2 megabits por segundo (Mbps). O ideal seria dispor de 12 Mbps. "Estamos muito longe da realidade da Apple", diz Marcelo Bermudez, diretor de marketing da Universal Pictures Brasil, uma das companhias parceiras na entrada da Apple nesse negócio de aluguel de filmes.
Apesar da limitação, a empresa do próprio Bermudez promete oferecer seu portfólio de filmes via web ainda este ano. Hoje, só é possível comprar filmes nas lojas virtuais pelo preço de custo de um DVD, ou seja, em torno de R$ 35,00. Fora isso, o consumidor precisa ter paciência para esperar, em alguns casos, até sete horas para baixar o filme comprado.
Além da Universal, também trabalha nessa mesma direção o portal Eonde, dedicado a entretenimento e criado com tal finalidade em meados do ano passado. Os sócios do portal querem manter uma gôndola virtual com mais de 3 mil títulos. Acreditam que, até o meio do ano, comecem a alugar filmes.
Para a indústria cinematográfica, a possibilidade de comercialização online em geral ainda engatinha. O sistema de aluguel estreou nos mercados americano e europeu em 2006. Hoje, representa cerca de 5% da receita do negócio de distribuição de filmes.
"A distribuição eletrônica de conteúdo, seja para venda, seja para aluguel, é um caminho natural", diz Bermudez. "A maior vantagem da plataforma online atualmente é oferecer controles e sistemas capazes de inibir a pirataria", acredita Fabio Golmia, diretor do portal Eonde. Uma trajetória que ganhou importância graças ao avanço das tecnologias de controles de download.
"Os estúdios internacionais não tinham interesse de abrir conteúdo para locação por aqui, porque ganhavam com DVDs", avalia Golmia. "A recente venda das locadoras Blockbuster para a Americanas passou a restringir os canais de comercialização e fez o interesse deles despertar."
A opção online deverá deslanchar, na opinião Patrick Saretta, diretor da Casablanca, distribuidora brasileira de filmes, por uma razão bastante simples: "Será uma tentativa de interromper o desastre do encolhimento que vitimou o setor no último ano, quando as vendas caíram entre 30% e 40% por causa da pirataria. Afinal, até mesmo videolocadoras fazem cópias irregulares de filmes."
No Brasil, após estrear no cinema, um filme leva até um ano e meio para chegar à televisão aberta. No meio desse processo, havia um bom lucro com a venda do DVD para consumo em casa. A pirataria minou esse segmento. Tanto que o diretor da Warner , Carlos Sanchez, faz uma defesa ardorosa do que chama de meio eletrônico. "Queremos dar opções legítimas e de alta qualidade para o consumidor, não importa o meio", diz Sanchez, que visita o Brasil nas próximas semanas. "Sempre que aparecem novas alternativas o mercado cresce. Foi assim quando surgiu o VHS e depois o DVD. O que temos de evitar e combater é o crescimento do mercado ilegal."
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