O GLOBO
A Telemar Participações, holding que controla a operadora de telefonia Oi, confirmou nesta quinta-feira, por meio de comunicado, que vem mantendo conversações com os controladores da Brasil Telecom, que se intensificaram nas últimas horas. No entanto, a companhia observa que não foi firmado documento de qualquer natureza até o momento.
A transação passa pela compra dos ativos da Solpart, holding controladora da Brasil Telecom, pela Oi. O valor proposto seria de R$ 4,8 bilhões pelas ações dos fundos de pensão, Citigroup e Opportunity - e foi considerado excepcional pelos sócios, conforme fontes a par do assunto. As ações da Telemar subiram 13% nesta quinta-feira, com a divulgação das notícias ( clique aqui e confira o desempenho do mercado financeiro ).
O fato relevante informa ainda que os valores discutidos durante estes entendimentos são meramente indicativos e que dependerão na configuração do negócio se esse for fechado.
As negociações entre os controladores da Oi e da BrT avançaram nos últimos dias e podem desembocar na formação de uma megaoperadora com capital nacional sob o comando dos empresários Andrade Gutierrez e Carlos Jereissati ( leia análise no site da Míriam Leitão ). Os acionistas das duas empresas têm se reunido repetidamente desde segunda-feira.
Complexidade da operação leva empresas a fazer o anúncio aos poucos
Segundo nota da coluna Negócios & Cia, do jornal O GLOBO, em conversas com fornecedores, na noite de quarta-feira, executivos das duas operadoras davam como certa a venda da Brasil Telecom à Oi-Telemar. O negócio, garantiam, está fechado. Mas o anúncio formal será feito homeopaticamente.
Isto porque a operação é bem mais complexa do que uma aquisição de uma companhia pela outra. De um lado, envolve a saída do Citi da Brasil Telecom. De outro, prevê a venda da participação que o GP tem na Oi para Andrade Gutierrez e La Fonte, da família Jereissati.
Os R$ 4,8 bilhões que estão na mesa equivalem a R$ 70,22 pelas ações da Solpart na Brasil Telecom Participações, o que significa R$ 56,17 por ordinária dos minoritários. Para os acionistas na bolsa, os números não são tão satisfatórios. Frente ao fechamento de ontem, representa um ganho inferior a 5%.
A despeito de analistas financeiros considerarem baixo o montante proposto, ele equivale a quase o dobro do que os fundos de pensão e o Citi pagaram pela participação da Telecom Italia na Solpart, no ano passado. Por isso, agradou os controladores.
Governo é a favor da criação de uma supertele, mas concretização depende de mudança na lei
Se as negociações forem bem-sucedidas, será realizado o desejo do governo de criar uma operadora nacional, sob o comando de sócios estratégicos, para concorrer com a espanhola Telefónica e a mexicana Telmex (dona da Embratel). Mas é provável que esses grupos reajam a uma mudança de regras que permita apenas a consolidação das teles brasileiras.
O governo não será obstáculo para a união entre as operadoras nacionais, disse ontem ao Valor o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que está de férias em Miami. Ele afirmou que há disposição em alterar, por meio de um decreto presidencial, o Plano Geral de Outorgas (PGO). O plano impede, conforme as regras atuais, que os mesmos acionistas tenham o controle de duas concessionárias.
- A negociação é privada, exclusivamente entre empresas. O governo não interfere ,disse Costa. Mas há um aceno, evidentemente, de que o governo não será obstáculo para as negociações , completou.
A boa vontade demonstrada pelo governo em alterar o Plano Geral de Outorgas, para permitir a aquisição da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (antiga Telemar), poderá causar desconforto no setor. Segundo analistas, as outras duas grandes competidoras no mercado de telefonia fixa, Telefônica e América Móvil (dona da Embratel), provavelmente se sentirão prejudicadas pela mudança na lei e podem entrar na briga pela autorização de atividades que hoje são vedadas.
Fontes do Ministério das Comunicações afirmaram que, embora o decreto ainda não esteja redigido, pode sair rapidamente. O importante, ressaltaram, é que o governo já deu informalmente carta branca às operadoras. A Casa Civil da Presidência da República e a Anatel foram procuradas, mas não haviam retornado até o fechamento desta edição do jornal Valor.
Mas a boa vontade demonstrada pelo governo em alterar o Plano Geral de Outorgas, para permitir a aquisição da Brasil Telecom (BrT) pela Oi (antiga Telemar), poderá causar desconforto no setor . Segundo analistas, as outras duas grandes competidoras no mercado de telefonia fixa, Telefônica e América Móvil (dona da Embratel), provavelmente se sentirão prejudicadas pela mudança na lei e podem entrar na briga pela autorização de atividades que hoje são vedadas.
Há outra questão no caminho da fusão. Há cerca de dois meses, surgiram especulações de que a BrT faria uma pulverização de seu controle na Bolsa. Para Daniella Marques, gestora de Renda Variável da Mercatto Investimentos, a medida seria positiva, pois, hoje, o preço do papel sofre com o imbróglio acionário. Na opinião de Alex Pardellas, da Banif, a pulverização inviabilizaria uma compra pela Oi, que teria de fazer uma oferta a milhares de acionistas.
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