5.9.08

MPF/PB pede destituição de Zunga do Conselho Consultivo da Anatel

CONVERGÊNCIA DIGITAL

O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) ajuizou ação civil pública na 1ª Vara da Justiça Federal naquele estado com pedido de liminar contra a União, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o consultor de telecomunicações José Lucimar Zunga Alves de Lima, em razão da designação deste como integrante do Conselho Consultivo da Anatel.

A informação foi divulgada na página da Procuradoria da República na Paraíba nesta quarta-feira (3). De acordo com a nota, o MPF quer a destituição de Zunga da função de membro do colegiado tendo em vista que ele é dirigente da concessionária de telefonia Brasil Telecom e está ocupando vaga destinada a entidades representativas da sociedade.

Para o procurador da República Duciran Van Marsen Farena, autor da ação, a nomeação do réu, pessoa vinculada por cargo de direção à prestadora Brasil Telecom, distorce a representatividade do conselho, posto que este somente poderia ocupar vaga específica destinada aos representantes das empresas de telecomunicações.

Zunga foi designado pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva para exercer função de membro do Conselho Consultivo da Anatel, conforme ato publicado no Diário Oficial de 11 de março de 2008, por um período de três anos.

A ação do MPF não questiona a honradez ou independência de Zunga para apreciar qualquer questão, inclusive a fusão que interessa à empresa em que ele trabalha (a fusão Oi-Brasil Telecom), mas assenta-se em um princípio, já consagrado na jurisprudência do Tribunal Regional Federal da 5ª Região e do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que quem ocupa um cargo de direção em concessionária não pode ser representante da sociedade civil ou dos consumidores no Conselho Consultivo da Anatel.

Por esta ótica, ou o candidato renuncia ao vínculo ou concorre às vagas destinadas às empresas de telecomunicações. O fato de ser o dirigente da Brasil Telecom também presidente de uma Organização Não Governamental (ONG), o Instituto Observatório Social das Telecomunicações (IOST) também não o autorizaria a concorrer na vaga da sociedade civil. Do contrário, sustenta a ação, "seria muito fácil escamotear a representação legal da sociedade, e dos consumidores, mediante a criação de ONGs comandadas por dirigentes de prestadoras".

Além do afastamento definitivo de Zunga como membro do colegiado, em caráter liminar, a ação pede que a Justiça Federal proíba a Anatel de dar processamento a qualquer matéria submetida à apreciação no Conselho Consultivo, na qual a decisão tenha sido tomada por um voto, ou mediante voto de minerva, caso existente em seu regimento interno.

O MPF requer, ainda, a fixação de multa de R$ 10 mil, por dia de descumprimento da liminar a ser concedida pela Justiça. Este valor deverá ser revertido para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos.

No mérito, pede-se que a Justiça obrigue a União e a Anatel de agora em diante, a exigir de todos os candidatos que se apresentarem para vagas da sociedade e dos consumidores ao Conselho Consultivo da Anatel, como requisito para sua indicação, declaração de que não são proprietários de empresas de telecomunicação nem possuem vínculo empregatício com estas, a fim de obstar a continuidade dos casos de nomeações ilegítimas. Deu-se a causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 20 mil.

Investigação

Em 17 de março de 2008 foi instaurado, no âmbito da Procuradoria da República na Paraíba, o Procedimento Administrativo (nº 1.24.000.000100/2008-12), para averiguar possível irregularidade na designação de José Lucimar Zunga como integrante do Conselho Consultivo da Anatel.

O réu, que é gerente de Relações com Entidades Não-Governamentais da Brasil Telecom, concorreu à vaga por indicação do Instituto Observatório Social de Telecomunicações (IOST), entidade que ele preside.Tal fato, para o MPF, consiste numa afronta aos dispositivos legais, haja vista que o nomeado não poderia integrar o aludido Conselho como representante da sociedade civil.

Com vistas a instruir o procedimento administrativo, o órgão ministerial requisitou ao presidente do Instituto Observatório Social de Telecomunicações (José Lucimar Zunga) informações sobre os fatos.

Naquela oportunidade, o presidente do IOST afirmou que mantém vínculo empregatício com a Brasil Telecom desde 1983, e apresentou documentos enviados à Anatel quando da sua indicação para compor o Conselho Consultivo daquela entidade.

Zunga disse que ficou surpreso com a ação e vai esperar ser notificado para se pronunciar. No entanto, não deixou de observar que isso é um grande equívoco do procurador e que ele está totalmente desconectado do que está acontecendo no conselho.

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